Alexandre FonsecaJornalista, mestre em literatura e doutorando em literatura

Laura

Publicado em 25/02/2023 às 01:00.

Quando o sol entra na casa de Peixes, sei que a vida se veste de festa por você, nossa pequena Laura. Na verdade, nossas vidas se vestem: a minha, seu tio bobo e leonino; da sua mãe canceriana; dos seus avós maternos, um pisciano e uma ariana. Aos poucos, vou te situar no esoterismo bonito que se esconde na vida; porque tudo está ligado, minha princesinha de cabelos rebeldes. 

Tento saber tudo sobre você. Lembro da minha avó dizendo - sua avó também, porque ela detesta ser chamada de “bisa” - de que você nasceria em uma passagem de lua. Dito e feito. Em uma manhã tranquila de domingo, mesmo com todo o “frenesi” pandêmico, você respirou pela primeira vez o mesmo ar que todos nós respiramos. Seu nascimento ocorreu entre a passagem da lua minguante para a nova, meu amor. Não sei exatamente o que todos esses sinais cósmicos indicam ao certo. Mas sei que, para mim, naquele dia todos nós nascemos outra vez junto com você. 

Quando uma criança chega ao lar de uma casa, tudo ali passa por um processo de renovação, Laura. Antes, eu era irmão, filho, primo e neto. Agora, sou tio e padrinho. Claro que a gente se sente um pouco velho nessas novas configurações de papéis, não vou mentir, meu benzinho. Porém, tê-la por perto fez brotar um amor que antes era diferente. Você, pequena invasora do planeta amor, fez rejuvenescer os nossos corações, principalmente a do seu carrancudo avô paterno. Antes, homem sério de bengala; agora, homem bobo. 

A criança carrega em si um processo alquímico. Com sua passagem, tudo muda. Inclusive, nossos medos e, principalmente, esperanças. Sei que o mundo pode ser um lugar doloroso para as mulheres. Mas rezo para que todos nós, homens e mulheres, possamos reconhecer a força que brota do feminino e do feminismo. Pra mim, não existe outra forma de revolução. Um dia, falaremos sobre “queimar sutiãs”. Com sua presença em minha vida, me sinto tio de todas as crianças do mundo; um sentimento coletivo de amor. 

Todas as nossas metades te pertencem. Não me importo. Na verdade, não quero te dar metade de mim: me dou por inteiro. Mesmo não sendo um tio tradicional, eu te amo da forma mais inteira que possa existir. 

Parabéns, Laura. Somos todos teus.

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