À lá Kathleen “Shopgirl” Kelly, protagonista da comédia romântica “Mensagem para você”, nos últimos dias do ano não tenho pensado em músicas natalinas ou que falem sobre renovação, boas novas ou coisas do tipo. Vocês conhecem aquela canção do Dan Fogelberg? Uma que ele compara nosso coração a um hotel antigo, cheio de quartos de orgulho imprudente, janelas, paredes resistentes, corredores gastos e ecos? A melancólica canção chama-se HEART HOTEL e foi lançada em 1979, no álbum Phoenix.
Conheci essa música em uma coletânea de CDs que minha irmã ganhou de presente de aniversário há algum tempo (afinal, ninguém mais compra CDs). Depois de ouvi-la, sempre fiquei pensando: ao contrário do que muitos acreditam, nosso coração não seria um lar? Um lugar fixo onde as pessoas encontram repouso e afeto? Ao contrário disso, nosso coração seria um grande hotel, repleto de quartos e escadarias, onde ninguém residiria fixamente, mas apenas estaria de passagem? Será que isso significa que as pessoas que amamos não têm moradia fixa em nosso peito, sendo apenas reservas feitas por tempo determinado?
Tenho uma incrível amiga, da qual me reaproximei este ano, que me lembrou a graciosidade do movimento de ir e vir da vida. Afinal, por que ignoramos o fato de que a vida é este eterno movimento? Acredito que a resposta seja a dor. Dói saber que nada pode ser eterno. Dói compreender que até mesmo o amor seja suscetível a este balanço.
Neste ano, marcado pelo meu retorno de saturno, consegui compreender, com mais clareza, certos movimentos da vida. Compreendi que, mesmo com uma distância necessária e sincera, certas pessoas nunca deixarão de ser amadas por nós. Outras, a vida fará questão de nos aproximar sempre que possível. Se Dan Folgeberg estiver certo, se nossos corações são hotéis repletos de quartos, acredito que devemos aproveitar a estadia. Explorar as escadarias, conversar com os hóspedes, dá-los experiências memoráveis antes que alguns deles peçam a conta e resolvam partir para outros hotéis. Quem sabe, ao dobrar uma porta à esquerda, assim como na canção, você, querido leitor, não encontre aquele inesperado amor?! Faço votos sinceros.
Feliz Novo Ano!