Alexandre FonsecaJornalista, mestre em literatura e doutorando em literatura

Doeu, agora não dói

Alexandre Fonseca
29/07/2022 às 22:32.
Atualizado em 01/08/2022 às 15:00

Hoje consigo lembrar daqueles dias sem sentir vergonha. Foram poucos dias, devo adiantar. Não foi um romance e tampouco uma paixão. Apenas um frisson desencadeado por um desejo de ser ligeiramente amado, entre todas as aspas possíveis, por alguém como você.  

Engraçado tudo isso, porque me peguei lembrando de você numa manhã despretensiosa, depois que uma amiga jornalista me perguntou quando foi a última vez em que eu estive apaixonado. E foi em 2015, no ano que te conheci. Quer dizer, mesmo não considerando você uma paixão, apenas uma inclinação afetuosa. Mas, era você naquela resposta: sem amargura, sem vergonha, branco como porcelana. 

Até hoje acho engraçado o tom de voz das pessoas mudando quando falam seu nome comigo. Geralmente, baixam alguns decibéis e me olham esperando uma reação. Não sou mais assim. Já faz um bom tempo que seu nome não me causa mais asco. E também não te desejo um fim trágico em uma piscina de óleo fervente. Já passou. E passou tudo por cima de mim da pior forma: algumas coisas foram quebradas. Porém, ao serem estilhaçadas, novas frestas surgiram possibilitando que outras luzes pudessem entrar. 

Sabe... por muito tempo senti vergonha do que fiz, de como fiz e das coisas que te disse. Mas era o que estava ao meu alcance naquela época. E eu não caio mais nessas ciladas anacrônicas. Olhar o passado e cobrar dele uma resposta ou uma atitude que só vamos aprender futuramente é uma das grandes injustiças que podemos fazer com nós mesmos. Não sabia como lidar com algumas coisas naquela época, mas sei lidar com elas agora. 

Sabe, não sinto mágoa. Não sinto raiva. Não sinto mais vergonha e nem tenho mais aquele asco do meu passado e do meu histórico no mensagens. Não sinto nada por você. Espero, de peito aberto e franco, que seus amores prosperem, deem frutos, multipliquem. E que você seja tão feliz que sinta a dor da alegria, que é a expressão máxima da felicidade. 

A minha única herança pra você é aquele poema. Sabe... aquele poema inocente que mandei pra você assim que as coisas ficaram claras. Apenas ele. E nem mais um pingo de rancor ou ódio, menino bonito. 

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