Alexandre FonsecaJornalista, mestre em literatura e doutorando em literatura

Discurso de formatura

Publicado em 16/12/2022 às 23:15.

Voltemos ao tempo. Concluí o ensino médio no dia 18 de dezembro de 2010. Tenho uma foto onde apareço segurando um microfone no púlpito da igreja Matriz de Santos Reis, em Vista Alegre (Claro dos Poções), enquanto uso um terno horroroso e uma gravata borboleta torta. Nunca gostei de usar ternos. E, naquela época, ainda tinha cabelos e um rosto afilado. Sobre o púlpito, não me lembro se li o discurso de formatura da minha turma ou algo parecido. Porém, 12 anos depois, se me fosse possível escrever um discurso, eu leria:

“Caríssimos professores, pais, funcionários e alunos. Apesar da noite ser de celebração, afinal, somos formandos, gostaria de falar sobre a palavra FRACASSO. Antes de prosseguir, peço desculpas por essa ousadia, pois sei que a maioria de vocês gostaria de ouvir frases bonitas que falem sobre sonhos, esperanças e fé. Recentemente, aprendi que devemos evitar sermos mensageiros da má sorte e das más notícias. Portanto, garanto que não farei essas duas coisas hoje.

De acordo com minhas pesquisas, essa palavra tão evitada por todos vem do verbo em latim FRANGERE, que significa ‘quebrar’, ‘romper’ ou ‘fragmentar’. A verdade é que ninguém nos ensina a fracassar com dignidade, mesmo sendo o fracasso uma grande realidade em nossas vidas. Em maior ou menor grau, todos nós sentados nestes bancos fracassamos ou vamos fracassar. Mas, não se assustem, porque pode ser maravilhoso! 

Assim como um arado que rasga a terra para que esta se torne mais produtiva, o fracasso nos lavra para que novos sonhos e esperanças possam germinar. Afinal, quando falhamos só nos resta duas opções: aprender e recomeçar. Se por ventura ignorar uma destas, certamente o seu fracasso não te ensinará nada e você continuará a nadar na mediocridade dos erros não aprendidos. Atenção, todos vocês: abram os olhos para que os erros possam lhe ensinar. Evite-os, mas aprenda com eles quando ocorrer. 

Aliás, não deixem que o medo de errar paralisem vocês. Viver é perigoso demais, mas vale muito a pena quando perdemos o medo de... viver. Quando aceitamos que a vida é uma soma de acertos e erros, e que ambos nos compõem, tudo fica mais claro. Caríssimos formandos de 2010: fracassemos, mas com dignidade. Obrigado”.

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