Adelaide Maria Fibonacci chegou com a insólita história de que um acompanhante teria passado a perna nela, para falar mais claramente. Ele não era luxuoso, era da ralé. Um homenzinho estranho, ela confidenciou. No entanto, a pobre carente caiu nas ciladas do coração. Adelaide, você não é otária, pois isso é um estilo de vida. Você, minha amiga, é trouxa. Trouxa por permitir que um estranho entrasse em sua vida e em sua casa. Trouxa por ter se submetido a uma chantagem tão barata. Uma camisa falsificada? Um golpe do pix? Não posso contar mais detalhes.
Mas ela foi feita de trouxa por aquele rapazinho cinzento. Chorando de vergonha, ela me contou. Logo ela, Adelaide Maria Fibonacci, uma mulher esperta, certeira, estudada e esotérica. Cair nas graças de um homenzinho como aquele. Mas eram duas horas da manhã, quando nada de bom acontece. Segundo outra amiga, depois da meia-noite, as chances da bondade caem pela metade. Após a hora da bruxa, o mal ganha força e vez. Afinal, coisas boas acontecem de madrugada ou apenas em horário comercial?
Adelaide chorou e, juntos, como bons amigos, amaldiçoamos aquele sujeitinho. Ela disse:
- Que sua perna esquerda seque como um galho seco de uma árvore. Que suas partes íntimas entrem em colapso. Que todas as mulheres te olhem com desprezo (e os homens também). Que você morra em uma piscina de óleo fervente, com muita sede!
Juntos, odiamos aquele serzinho desprezível, abjeto, asqueroso, baixo, canalha, ignóbil, imundo, indigno, mesquinho, miserável, ordinário, patife, reles, sórdido, sujo, torpe... Que Montes Claros desabe sobre sua cabeça!