Alexandre FonsecaJornalista, mestre em literatura e doutorando em literatura

Ainda somos os mesmos?

30/09/2022 às 23:20.
Atualizado em 02/10/2022 às 20:47

Tenho revisitado meus escritos. Na verdade, quando me dispus a escrever uma coluna ou uma crônica ou uma coisa, sabia que revisaria meus guardados engavetados, diários cibernéticos que preservo desde a faculdade (2011-2014). Nessa época, queria ser Clarice Lispector ou Clara Averbuck. Depois, Carrie Bradshaw. Por fim, Fernanda Young. Hoje escrevo como Alexandre deveria escrever: minhas experiências são pessoais e intrasferíveis. Afinal, sou o único representante dos meus sonhos nesse planeta que outrora foi redondo.

Revirando esses guardados, achei um textinho que devo ter escrito em 2015. O que me dói é notar que a truculência que eu quis analisar na época, ainda segue firme e muito concreta:

“Na busca de igualar as coisas, de equiparar o dano recebido, da violência cometida, sujeitamos a nos despir da sensatez. Vem a loucura, a dor, o ressentimento, a sensação de impunidade e retiram toda nossa capacidade de pensar e perdoar. Voltamos ao período da justiça com as próprias mãos. Mas quando acorrentamos alguém em um poste e o massacramos para satisfazer nosso ímpeto de justiça, nos tornamos o quê? Justiceiros ou algozes? No livro “Quatro gigantes da alma”, o escritor e psiquiatra Emílio Mira y Lopez comenta que “com extraordinária frequência, um sentimento colérico se disfarça em atitude justiceira, e assim os excessos da vingança tomam o nome de atos reparadores.

Nossos ideais de justiça, política e democracia surgiram há muito tempo, mas foram sendo lapidadas pelos interesses e precisões de cada época. Hoje, justiça é sanar o erro cometido mesmo que isso signifique nos transformar no opressor. Democracia, atualmente, é ter o poder de causar o mesmo dano que nos foi afligido pelos nossos algozes. Mas poucos sabem ou ignoram que o perdão ainda continua sendo para nós e não para o outro. Quando perdoamos alguém, estamos nos dando uma nova chance de prosseguir, apesar de tudo. Perdoar não é dar ao outro uma nova chance de errar. Perdoar é dar-nos uma nova chance de recomeçar. E no vão criado entre nós e o perdão, prospera um sentimento que ainda não tem nome: é mais violento que a cólera, mais destruidor do que o ódio e mais perigoso do que a vingança".

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