Alexandre FonsecaJornalista, mestre em literatura e doutorando em literatura

Ainda há um pouco*

Publicado em 14/04/2023 às 22:30.

Ela de áries, ele de câncer. Segundo as estrelas, aquele amor, desde o surgimento de ambos na terra, estaria fadado ao fracasso. Ela, gostava de doces, andar descalça pela casa e tomar banho gelado. Ele, ouvir música de madrugada, comer macarrão com molho de tomate e banhos com vapor. Mesmo com todos os protestos da vida e da sorte, Ele e Ela se conheceram e se amaram. 

Quando ela o tocava, ele derretia de prazer. O suor escorria líquido e leve pelo corpo masculino moreno. 

- Entre você e eu está crescendo algo, dizia ele. 

- Você está conquistando um espaço em mim, respondia ela com os olhos marejados.

Ele e Ela eram totalmente compatíveis dentro da incompatibilidade de ambos. Assim pensaram por um tempo, quer dizer. Mas, a vida vem e se cumpre: houve o tempo do terremoto. Ela estava perdida em si mesma. Ele não conseguia ver mais as faíscas. O que antes era bonito, agora era insuportável. O sexo noturno deu espaço para algo morno e vazio - não havia mais nada. A cama sentia falta daquele prazer, por isso, suspirava de saudade deles. 

Terminaram, porque era o que ambos achavam inevitável. Ela seguiu em frente. Ele, de lado. Caminhos tortos, destinos certos. 

Passaram-se anos, talvez meses, não sei. No amor e na paixão, o tempo corre de forma diferente e inóspito. Certa vez, Ele a encontrou conversando com outro.

- Se você, às vezes, pensa em mim e, talvez, fica feliz quando me vê, quem sabe entre nós dois, ainda há um pouco de amor. Pensou Ela ao vê-lo olhando discretamente.

- Entre você e eu, há velhos sentimentos. Pensei que eles nunca voltariam. Sei que você e eu temos uma história que nos deixou no meio da solidão. Ele murmurou dentro de si mesmo, fechado como concha.

Quando a lua ficou plena e vênus domiciliada em algum signo propício, Ele não aguentou e ligou para ela. 

- Olhe bem para mim, porque ainda continuo aqui. Morrendo de vontade de te encontrar em mim. Olhe bem para mim, porque ainda continuo aqui. Me escute, eu não sei viver sem você!

Ele desligou. Ela entendeu. Ela pegou um táxi. Pediu que o motorista fizesse tudo o mais depressa possível, porque ela tinha pressa e fôlego de uma mulher apaixonada. 

*Baseado no argumento da música Aún Hay Algo da banda RBD.

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