Muito se diz. Melhor ser do que ter. Mas afinal, ser é tão indispensável assim? Afinal, o que é hoje, pode não ser amanhã; o que poderá ser um dia, há de ser o que nunca havia pensado ser. Mensuração pouco devoluta a si mesmo.

E o fato de ter, tem de ser material? O ato de ter pode ser completamente imaterial, aflorado em bosques de ideais próprios do ser. Pois a propriedade, é própria do ser, principalmente o ser social. A intimidade, indissociável aspecto que constrói as diretrizes da convivência. Torna mais amplo o ato de bravejar-se a favor dos limites do ter.

Isso. Ter abundância. Ter sensibilidade. Ter tenacidade. Ter vontade. Ter sagacidade. Ter sonhos. Ter metas. Ter recôndito.
Afinal. Ser abundância o torna mesquinho. Ser sensibilidade o torna vulnerável. Ser tenacidade o torna inflexível. Ser vontade o torna ambicioso. Ser sagacidade o torna ousado. Ser sonhos o torna delirante. Ser metas o torna mecânico. Ser recôndito o torna um eterno(a) solitário(a).

Diria que na maioria das vezes. Ter é melhor do que ser. Pois o indispensável a composição de si mesmo. É o senso de descrição sobre a abrangência de vossas próprias fronteiras. E como tanques de guerra que protegem os pontos estratégicos, suas propriedades serão as dispersas virtudes no mar da vida.

Os que são de mais, tem pouca capacidade de mudar o mundo. Afinal, todos podem ser o que quiserem. Mas quem detém o domínio sobre suas próprias posses, sejam elas materiais ou imateriais, resguarda para si. A rigidez da ampulheta entupida. 

Pois assim. O tempo será seu, e para si. Resguardemos em nós mesmos, nossas próprias propriedades, para que sejamos detentores dos direitos autorais de nossas próprias conquistas.