Se está esperando desta crônica, algo relacionado a nudez física. Pode parar de ler por aqui. Ousarei falar da nudez que contém mais tabus do que qualquer outra. Estou falando da nudez psicológica e espiritual. 

De fato, somos seres entusiasmados. Que mantemos em nós mesmos, uma certa tendência em buscar-nos comportar em prol da transparência e da espontaneidade. Mas, de fato, não é possível ser o mais fiel consigo mesmo o tempo inteiro, caso contrário, a renúncia dos filtros criará grandes problemas para o seu eu.

É claro que se comportar intuitivamente e sem muitas predisposições neuróticas torna a vida mais leve e fácil. Mas isso, apenas nos conduz a máxima da exposição inevitável. A nudez psicológica transformará todo o seu entorno em um harém de pueris sentimentos grotescos. Isso, ao menos enquanto indivíduo, em seu aspecto cívico e como cidadão. 

Agora, quando tratamos da verdadeira intimidade, e do entrelaçar de almas, causado pelo inevitável sintoma afável do bom convívio. A nudez é essencial em momentos circunstanciais. Mas até para isso, nossas vestimentas devem existir.

Não devemos ser libertinos de espírito, até com as pessoas mais próximas. Rejeitar essa principiologia, colocará a disposição do que é certo, sempre em uma posição vulnerável no tabuleiro de xadrez das relações.

A sinceridade excessiva, a busca por explicações em palavras a todo momento, e a expressão máxima do que sente, sempre, inevitavelmente, vai afastar de todos nós a garantia de manter-se misterioso.

A dúvida a respeito do que o outro pensa, e a sensação de que ainda há algo a se atingir, sempre, causará o ato de conviver, o espontâneo desdobramento de viver um dia de cada vez, descobrindo cada face, como se estivéssemos descascando a laranja do interior de cada um.

O suco e o gosto de cada néctar de frutose que encontramos na amistosidade do convívio, nunca pode ser adoçado artificialmente pela fugaz tentativa de congestionar as sensações desenfreadamente. Uma laranja muito exposta às intempéries, certamente apodrecerá se não manter para si uma distância do etileno que a faz amadurecer e ficar nua e descomposta.

A nudez psicológica só é ideal, quando ocorrer na conjunção espiritual de mais de um ser. E isso, nunca acontecerá sempre. Existem momentos certos...