A memória é perigosa, pois ela nos causa exaustão imediata. Basta lembrar do que não se deveria, que imediatamente perdemos o foco. Apesar de ser essencial para didática do aprendizado, a memória pode nos colocar no fundo do poço, pois dela, que se derivam os arrependimentos e traumas.

A memória alheia pode nos conduzir a duas predisposições: o algoz da desesperança, ou vítima do acaso. Apesar disso, controlamos o efeito desta condição em nosso emocional.

Ser algoz ou ser vítima, não causa muito glamour, a não ser que estejamos tratando de uma pessoa perversa. Por isso, devemos ter cuidado com nossa memória, e devemos saber que apenas uma coisa pode nos fazer superar más memórias, esta coisa, que devemos saber, muitas vezes, deixamos de lado, estamos falando de nós mesmos.

O dom do perdão, o exercício da urbanidade, e a plena convicção de que podemos fazer o bem, irá sempre, nos conduzir as melhores oportunidades de se redimir. Triste quando o emaranhado de memórias negativas dos outros, acabam nos afetando. Pois isso, não só cria uma ruptura do nosso eu para com o mundo externo, como também nos traz insegurança.

Por isso, diante das más memórias alheias, o certo a se fazer é não as encarar, evitá-las, e subestimá-las, pois, se superestimamos os traumas alheios, tais traumas, também serão nossos. E o trauma não vivido diretamente, cria um afastamento com a realidade, tendo em vista que não há como se precisar a circunstância sob a qual a consolidação da dor da recordação alheia se constituiu.

Meu sincero apelo aos mundanos, devemos valorizar os padres, psicólogos e advogados, que vivem diariamente sendo vítimas da enxurrada de memórias exaustivas que lhes são ditas. 

Quando sincera a posição de quem se diz não ser afetado pela memória negativa, pode este estar cantarolando uma vantagem. Que de fato, pode até parecer louvável ou até mesmo libertadora. Mas isso, pode apenas ser uma bomba relógio, prestes a se explodir, tendo em vista que a não ser por enfermidade, as nossas memórias estarão lá guardadas, e quando postas à tona na linha do pensamento, provavelmente, a barragem vai estourar, e talvez, se não for forte, irá inundar a vila das suas expectativas.