Com certeza, o sentimento mais nobre, dentre todos os demais. Assumir que a missão mundana de quem amamos, também faz parte da nossa missão mundana. Ser cúmplice dos projetos de quem amamos é simplesmente a maior dádiva divina conferida a um ser humano. Envolve a mais sofisticada postura de gratidão e resignação.
Esse sentimento é quase tão difícil como lograr êxito em uma competição olímpica. Afinal, no jogo da vida, existe muito treinamento por traz da cumplicidade. Nem sempre conseguimos ser recíprocos ao ponto de afastarmos nossos desejos e anseios para fazer parte da missão de outras pessoas. Isso envolve uma característica singela de quem vive em prol do amor fraterno.
O cúmplice está ao lado de quem ama, nos bons momentos e nos piores momentos. O egoísta, ignora a dor de quem ama, para viver a sombra da própria ironia. Trata-se do sarcasmo desmascarado. Uma postura vil, de quem não se ama o suficiente, e não pôde ser o suficiente para quem ama.
Dilema difícil. Realmente, deveríamos incrementar a capacidade de exercitar a cumplicidade, mas isso exige paciência, exige silêncio e principalmente, exige vontade. Quem prefere viver as trevas do ruído frequente, se esconde na obviedade das margens oblíquas das circunscrições do desespero de quem ama.
É dessa forma que funciona a vida. Infelizmente, a cumplicidade é tão sofisticada, que nem o arranjo mais fino de tecidos se equipara a sua exuberância e fineza. Por isso, que na vida, sempre existirão os bárbaros, aqueles que não conseguem compreender a cumplicidade, pelo simples fato de estarem presos em seus próprios delírios.
Essa é a verdade. Devemos cultivar a cumplicidade em todos os espaços em que vivermos, pois esse compromisso, apesar de difícil, traz maresias e serenidade no curso do velejo constante no mar da vida. Cumplicidade... Sentimento que apesar de tímido e opaco, é tão exuberante que supera qualquer outro sentimento mundano.
Mas essa serenidade, não é conquistada com uma simples diligência psicológica. Até para o mais destemido ser pensante, essa virtude, pode apenas ser adquirida, por meio da luta diária, luta tal, de quem quer viver, para amar, e não amar para viver.