Não adianta. Quanto mais chove, mais a certeza flui ante as expectativas. Mesmo diante da incerteza acerca do futuro, sabemos que basta chover para que tenhamos vigor. Nem sempre estamos no verão de nossas próprias vidas. Mas sempre que estamos em um verão chuvoso, tudo tende a fluir.
Imaginemos como deve ser estar constantemente no inverno, ou pior, ter estado por tanto tempo no verão e acabar chegando a um inverno rigoroso que acaba durando por décadas. A primavera e o outono acabam sendo apenas acessórios. Pois nos picos de euforia, e nas baixas da depressão, muitas almas se encontram.
Sei apenas que quanto mais chove, mais tenho certeza de que tenho que resguardar cautela e cuidado para que continue chovendo mais e mais. Afinal, não existe qualquer alternativa melhor, se não garantir no verão, a mantença para o inverno, e perfazer a euforia da chuva, no acúmulo da barragem.
Uma pena aos que transbordam. A barragem um dia pode estourar, por isso, não adianta ter abundância, se não tiver propósito e projeto para o que se acumula. Não, necessariamente, digo a respeito de bens materiais, e sim, estado de espírito.
Pois nos congestionamentos fluviais de barcos de pensamentos, estaremos sempre guiando ao nosso bel prazer, os rumos dos ventos que guiarão as velas da nossa própria concepção. A não ser, que, por força maior, percamos o controle de tudo que sempre nos fez regozijar por viver, e a partir de então, uma depressão maníaca atinge nossos objetivos.
Essa é a história romantizada dos fluxos de vitórias e decepções. E em toda dinâmica dopaminérgica do nosso próprio ser, acabamos nos transformando nessa metáfora irônica e cíclica, pois nada há de mais curioso em nós mesmos, do que a própria incerteza regada de surpresas.
Sejamos os ventos perenes e singelos. Mas também as tempestades apocalípticas.