Pedro MartinsEscritor, Ciências Jurídicas e Agronômicas

Aperto de mão

Publicado em 30/08/2022 às 22:48.

Nas mãos, prevalecem a capacidade motora, a aptidão manual, mas acima de tudo, representam os negócios. O aperto de mão não é necessariamente indicativo da celebração dos acordos, mas os acordos prescindem o aperto de mãos, caso contrário, o mesmo se artificializa.

Os negócios, o comércio, a prestação de serviços, tudo que envolve a dinâmica da microeconomia cotidiana, precisam dos apertos de mãos, ao menos simbolicamente. Fato é que até mesmo os cliques, ou as assinaturas digitais já permitem que sejamos autores de apertos de mão para todo lado.

Apertar a mão de um oriental, ou de um presidiário, já se tornou possível. Basta fazer compras pela internet, ou até mesmo atender telefonemas inesperados com ofertas exageradamente farsantes.

Mas e o ato físico do aperto de mãos? Por onde anda? Acredito que já não mais anda. Digita. O consentimento já pode ser expresso pelos meios mais tecnológicos existentes.

Assim agiu o Sr. Flávio, que diante da decepção dos tempos contemporâneos, decidiu que faria negócios a moda antiga, apenas compraria coisas com apertos de mãos e sorrisos. 

Inicialmente teve dificuldades, afinal, enquanto todos migravam para o outro lado, o mesmo persistiu andando no caminho oposto. Questionava-se: “A impessoalidade vai afastar o carisma personalíssimo?”

Fato é que as coisas foram caminhando nesse sentido, até que em dado momento, todos estavam no digital, e aquele, que persistiu no suor dos apertos de mão, reteve, o que ninguém mais pode sonhar ter, qual seja, a confiança de tantos. 

Pois a autoridade perde para confiança, e a escala inveja a modéstia, haja visto que até nos negócios, o estoicismo pode dar certo, bem aventurado o Sr. Flávio.

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