Nas mãos, prevalecem a capacidade motora, a aptidão manual, mas acima de tudo, representam os negócios. O aperto de mão não é necessariamente indicativo da celebração dos acordos, mas os acordos prescindem o aperto de mãos, caso contrário, o mesmo se artificializa.
Os negócios, o comércio, a prestação de serviços, tudo que envolve a dinâmica da microeconomia cotidiana, precisam dos apertos de mãos, ao menos simbolicamente. Fato é que até mesmo os cliques, ou as assinaturas digitais já permitem que sejamos autores de apertos de mão para todo lado.
Apertar a mão de um oriental, ou de um presidiário, já se tornou possível. Basta fazer compras pela internet, ou até mesmo atender telefonemas inesperados com ofertas exageradamente farsantes.
Mas e o ato físico do aperto de mãos? Por onde anda? Acredito que já não mais anda. Digita. O consentimento já pode ser expresso pelos meios mais tecnológicos existentes.
Assim agiu o Sr. Flávio, que diante da decepção dos tempos contemporâneos, decidiu que faria negócios a moda antiga, apenas compraria coisas com apertos de mãos e sorrisos.
Inicialmente teve dificuldades, afinal, enquanto todos migravam para o outro lado, o mesmo persistiu andando no caminho oposto. Questionava-se: “A impessoalidade vai afastar o carisma personalíssimo?”
Fato é que as coisas foram caminhando nesse sentido, até que em dado momento, todos estavam no digital, e aquele, que persistiu no suor dos apertos de mão, reteve, o que ninguém mais pode sonhar ter, qual seja, a confiança de tantos.
Pois a autoridade perde para confiança, e a escala inveja a modéstia, haja visto que até nos negócios, o estoicismo pode dar certo, bem aventurado o Sr. Flávio.