Pedro MartinsEscritor, Ciências Jurídicas e Agronômicas

APERTO DE MÃO

Publicado em 27/07/2022 às 02:00.

Nas mãos, prevalecem a capacidade motora, a aptidão manual, mas, acima de tudo, representam os negócios. O aperto de mão não é, necessariamente, indicativo da celebração dos acordos, mas os acordos prescindem o aperto de mãos. Caso contrário, o mesmo se artificializa. 

Os negócios, o comércio, a prestação de serviços, tudo que envolve a dinâmica da microeconomia cotidiana, precisam dos apertos de mãos, ao menos simbolicamente. Fato é que até mesmo os cliques ou as assinaturas digitais já permitem que sejamos autores de apertos de mão para todo lado.

Apertar a mão de um oriental ou de um presidiário já se tornou possível. Basta fazer compras pela internet. Ou, até mesmo, atender telefonemas inesperados com ofertas exageradamente farsantes.

Mas... e o ato físico do aperto de mãos? Por onde anda? Acredito que já não mais anda. Digita. O consentimento já pode ser expresso pelos meios mais tecnológicos existentes.

Assim agiu o Sr. Flávio que, diante da decepção dos tempos contemporâneos, decidiu que faria negócios à moda antiga: apenas compraria coisas com apertos de mãos e sorrisos. 

Inicialmente teve dificuldades. Afinal, enquanto todos migravam para o outro lado, o mesmo persistiu andando no caminho oposto. E questionava-se: “A impessoalidade vai afastar o carisma personalíssimo?”

Fato é que as coisas foram caminhando nesse sentido, até que, em dado momento, todos estavam no digital. E aquele que persistiu no suor dos apertos de mão, reteve o que ninguém mais pode sonhar ter. Qual seja, a confiança de tantos. 

Pois a autoridade perde para confiança, e a escala inveja a modéstia, haja visto que até nos negócios, o estoicismo pode dar certo.

Bem-aventurado o Sr. Flávio!

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