Eu passei pela porta, por muitas portas. Por vezes portais, por vezes alçapões, por vezes entradas de cavernas, mas quase todas as vezes, elas não passaram por mim. Sejamos francos: quantas vezes pudemos ver as novidades da nossa vida, atingindo nossas realizações da mesma forma que atingem nosso cotidiano?
Andando sorrateiramente, pelas vias da vida, pelos caminhos das trevas e da luz, encontramos as portas, e muitas vezes, sem hesitar, adentramos, com orgulho e cabeça erguida. Muitos ainda, com nariz em pé, se contorcem para entrar nessas ditas portas. Uma pena que as portas não falam, pois adentramos, mas elas, não adentram em nós, e ficamos catatônicos por não percebermos sua dimensão em nossas vidas.
Mas, às vezes, observamos as portas, e parecem ser muito menores do que realmente são. Aí a catatonia começa antes, bem antes de pensarmos em subir as escadas até a maçaneta dessas portas. Pois vemos nossa pequenez diante das portas de palácios de marfim que constituem as oportunidades que não temos coragem de abraçar.
Pior é quando já estamos além das portas há muito tempo e não nos damos conta de que já estamos em todos os recintos de determinada estrutura social. Pois lá acabamos sendo abjetos por não reconhecermos a relevância das portas que estavam para o nosso passado, como nunca poderão estar em nosso futuro, pois não reconhecemos sua existência no presente.
Fato é que a verdade é que, na maioria das vezes, é interessante entrar nas portas sem bater, até mesmo nas que trazem desconfiança, pois apenas assim poderemos testar até onde vai o corredor que está após a entrada.
Uma bagunça na floresta, em que não existem portas, por estarmos em um ecossistema muito natural, devemos cortar as árvores, sem se importar de sermos antropocêntricos, e assim, construirmos nossas próprias portas; pois apenas elas, lhe darão refúgio de si mesmo, e lar para você, e sua família de esperanças e anseios.