O CÉU E O INFERNO
Walduck Wanderley, o falecido filho mais rico de Montes Claros, fez, na época, explodir uma bomba de 15 megatons nos meios políticos e empresariais ao revelar à revista Exame que “não existem padres e nem freiras no mundo do empreito”. Sem papas na língua, deixou bem claro que, por mais santo que possam se apresentar os governantes, são as obras superfaturadas que alimentam o “caixa dois” e financiam os sonhos mais altos daqueles que deveriam – mesmo com a fachada de cristãos - zelar por cada centavo dos contribuintes.
De modo que hoje ninguém se surpreende mais com denúncias de obras superfaturadas, razão pela qual o Tribunal de Contas da União, com o respaldo de um legislativo independente, deveria investigar a fundo cada ato dos que exercem o poder outorgado por uma gente que continua comento o pão que o diabo amassou.
O jornalista Gilberto Dimenstein, da Folha de S. Paulo, ilustra com categoria como a corrupção se incorporou ao folclore nacional: “Deus e o diabo decidiram fazer em um mês uma ponte entre o céu e o inferno. Cada qual faria um trecho. No prazo marcado, Deus não cumpriu sua parte e o diabo perguntou, perplexo, o que teria acontecido. Ao se justificar, o Criador foi verdadeiro: “Não consegui encontrar nenhum empreiteiro no céu”.
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CAMPO MINADO
O 3º andar do palácio das mangabeiras não é apenas o quartel general do poder mas, principalmente, um campo minado que, pelas demissões realizadas e as que estão por vir, não poupa o sangue nem mesmo dos que seguravam na alça do caixão da coligação vitoriosa, que no primeiro turno se apresentava como mera expectadora do duelo a ser travado entre Gil Pereira e Tadeu Leite no tie-break.
Pão comido, pão esquecido.
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STRESS SEM GRILO
Depois de perder 10 quilos e sequer chegar ao segundo turno na eleição para prefeito, o deputado Gil Pereira superou a casa dos 100 mil votos no ano passado. Saiu do combate novamente estressado, mas sem grilo, mascote de campanha de seu algoz Athos Avelino. Menos mal: lamber as feridas e dar a volta por cima é muito melhor do que suportar no pé da orelha - e sem mandato - o som estrídulo do inseto ortóptero da família dos grilídeos, na qual nenhuma espécie tem sobrenome Avelino.
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ALTA VOLTAGEM
Foi simplesmente explosivo o Rock and roll music, tributo a George Harrison, que superlotou o Automóvel Clube na última quarta-feira. O pique acelerado do contrabaixista Marcelo e do multi-instrumentista Gabriel, nos dá a exata dimensão de como foi eletrizante o espetáculo. Gabriel, filho de Beto Guedes, hipnotizou a todos com o som do sitar, instrumento indiano ainda pouco comum no Brasil, revelando porque caminha na direção de ser – mais cedo do que se possa imaginar – um dos maiores instrumentistas do país.
Filho de peixe, peixinho é.