Até porque a gente já nasce chorando. E se não chorar, tem sempre um médico ou parteira de plantão para nos segurar pelos pés e dar um bom tabefe na bunda, só para ouvir nosso berreiro e depois, com o sorriso mais cretino no rosto ainda dizer: “Nossa que pulmão forte ele tem!”
Nem na hora do batismo eles têm piedade. Derramam aquela água gelada na testa da gente, enfiam sal na nossa boca e depois dizem: “Tadinho, assustou com a água”.
Como não chorar? Ora tapas, ora águas, ora sais!
A gente que não trate de botar a boca no mundo, nos primeiros meses, para ver se não se fica sem aquele seio delicioso ou aquela mamadeira com o mingauzinho gostoso.
O interessante é que, ao falarem de nós, dizem que somos quietinhos e só choramos quando queremos mamar. É claro! Quem não chora não mama, não é mesmo?
O pior é quando a gente cresce, leva tombos, se rala, e alguém sempre “solícito” vem com mertiolate, mercúrio cromo, arnica no álcool, para derramar no machucado. E ainda assopram para parar de doer!
Ah... Fala Sério! Fala, vai!
Nesta história de curar o machucado ainda tem aquela do papaizinho ou mamãezinha queridos: “Não chora filhinho, não chora! Você é meu homenzinho e homem que é homem não chora!”
E se você continuar chorando, o coroa ralha com uma pergunta final: “Você é um homem ou um saco de batatas?”
Quase sempre paramos de chorar depois dessa! Claro, não? Ninguém quer ser um saco de batatas, ora bolas! Mesmo que mais tarde já adulto, vá descobrir que um saco de batatas não chora! Pô!
Mas tem horas em que até o choro de um homem é perdoado, como quando, por exemplo, perde os pais ou parentes e amigos queridos. O interessante é que se aí não chorar, é criticado.
Mas pense mais além. A gente casa e a mulherzinha querida nos pede para picar as cebolas para a salada ou o tempero, e quando ela volta à cozinha e você está com os olhos marejados, pergunta inocente: “O que foi meu bem! Cortou dedo? Deixa ver!” Putz! Fala Sério! A gente ainda é capaz de dizer: “Não meu bem. Estava só com saudades do meu amorzinho!”
Agora, duvido que você que é homem, tenha a coragem de dizer que já chorou na perda de uma namorada ou um grande amor. Na certa vai dizer: “Qual é? Isso é coisa de mulher!”
Pois querem saber de uma coisa?
Ao contrário de muitos, eu responderia aquela pergunta se sou homem ou um saco de batatas, em alto e bom tom: “Eu sou um saco de batatas!”
E um saco bem cheio, porque afinal de contas, sei que não estou vazio, e que cada uma delas, grandes ou pequenas, belas ou feias, representa uma emoção ou um sentimento que vivi ou ainda terei na vida, porque como diria o poeta: “Se for a seu pedido, eu choro colorido, meu bem, escolha a cor!”
Por isso, eu sou um saco de batatas, sim!