Carta ao presidente

Jornal O Norte
Publicado em 13/12/2007 às 10:02.Atualizado em 15/11/2021 às 08:26.

Sr. Presidente,



Temos nos jornais de domingo, declaração do senhor, dando conta de que existe muita gente no senado, que não se conforma com o fato de um torneiro mecânico chegar ao mais alto posto da República.



Acreditamos, que o fato de não gostar esteja presente numa fatia expressiva da população e sustenta-se em motivos vários, que não o apontado, que aliás é café requentado, que foi servido nos palanques e que agora não faz sentido.



Poderíamos citar uma penca de motivos que levaram o povo ao desamor, mas com medo de cometer injustiças, vamos apenas citar um: quando assumiu a presidência, o senhor fez questão de renegar suas origens, suas crenças e sua humildade, deixou de ser um legítimo torneiro mecânico. Isto foi imperdoável.



Deixou de ser e pensar como torneiro mecânico para tornar-se o demolidor de crenças, ideologias e esperanças. Nada mais justo que a vida vire-lhe as costas, pois ela não aceita ingratidão.



Entendemos seu desabafo com os senadores, pois esta semana deve ter sido horrível para o senhor.



Antes, o companheiro Evo, que pretende impor à Bolívia a reeleição eterna para si próprio, levou um susto tremendo em Sucre onde seu exército teve de sair com as calças nas mãos, com medo dos oposicionistas, que ameaçavam por fogo em tudo.



No  domingo, um grande jornal que faz a apologia do terceiro mandato para o senhor, jogou um balde de água fria na pretensão, ao revelar uma pesquisa que apontava sessenta e cinco por cento dos entrevistados contrários à idéia. Sabe, presidente não estou cem por cento certo, que o senhor seja a favor da tri-eleição, mas discutir isto agora, serve como manobra diversionista, pois afinal, o senhor tem pela frente três longos anos, para fazer o quê até agora não fez a contento: governar.



Se a manhã dominical começou mal, as notícias que viriam da Venezuela não poderiam ser piores. Chávez, que dava como favas contadas sua vitória pelo “si”, ao desacreditar na oposição, que considera “de mierda”, teve uma amarga surpresa com uma derrota fragorosa, que mostra que a América do Sul não depende apenas do rei da Espanha para dar um basta às tentativas golpistas. Ela sabe se defender, sabia?



Evo e Chávez, uma dupla que queria fazer um trio e que se deu mal, pois parece que três não é um número que dê tanta sorte, vão ter que se contentar com outros rumos, o cocaleiro voltando para sua plantação de coca e o coronel voltando para a caserna, de onde não deveria ter saído.



Vê presidente, o povo é ingrato e não importa, se no Brasil, Bolívia ou Venezuela, é tudo igual



Frustradas as intenções, o assunto reeleição, já encheu as medidas, porquê não falemos então, presidente, do ópio do povo, o futebol, no velho esquema conhecido até por Nero na Roma antiga, do pão e circo?



Sabemos presidente, que o senhor está magoado com seu time, que lhe causou o ultimo dissabor do domingo, perdendo para o Grêmio e com isto, caindo para a segunda divisão.



No entanto, é bom que se esclareça, que o povo, sempre ele, não teve culpa alguma pelo desastre corintiano. Pelo contrário, carregou o time nas costas o quanto pôde, mas não deu. O Corinthians foi derrotado pela corrupção, incompetência, desorganização de seus diretores e imaturidade, primariedade e ineficiência e despreparo de seus jogadores. E estamos conversados.



Quando falamos assim, parece que estamos nos referindo à administração do senhor, mas não é verdade e isto só pode ser intriga da oposição, que no Brasil não é de “mierda”, pois  nem fede e nem cheira. 



PT saudações



Luiz Bosco Sardinha Machado


colunadosardinha@gmail.com

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