Devido à grande dimensão territorial, o Brasil tem uma vasta diversidade, não só cultural, mas também em relação ao desenvolvimento sócio-econômico da população. Em um só Estado, é possível observar peculiaridades entre municípios que vão desde os hábitos alimentares e expressões linguísticas até o acesso a tecnologias e formas de comunicação.





Devido a essa diversidade, as políticas públicas de caráter nacional e estadual nem sempre podem ser aplicadas da mesma forma nas diversas regiões do país. Especialmente as políticas públicas de saúde, cujo impacto produzido na vida dos beneficiários depende primordialmente da identificação das reais necessidades da comunidade que vive naquela região, que variam de acordo as dimensões econômicas, territoriais, étnico-raciais, de gênero etc.





Para se ter uma ideia, por exemplo, em uma microrregião formada por cinco a sete municípios, enquanto muitos gestores recebem certificação digital para efetivar contratos e assinar autorização de repasse de recursos, outros buscam junto ao governo do estado a doação de cavalos para que os agentes do Programa Saúde da Família possam chegar a casa de famílias que vivem em trechos de difícil acesso.





Parece surreal, mas é uma realidade vivenciada inclusive no Norte de Minas, cuja diversidade é notadamente marcante, em todos os sentidos.





Da mesma forma são os programas relacionados à conservação da diversidade biológica, que também precisam de adequação de acordo com a região, com ações específicas, já que o país possui uma geografia e recursos biológicos extremamente contrastantes. Soma-se a isso, a forma como esses recursos são utilizados, que varia de acordo com o nível sócio-economico-social de cada região, além das relações de fronteiras com os países vizinhos.





Para que o Brasil viva realmente uma verdadeira democracia e avance à altura dos desafios de um país contemporâneo, é imprescindível que a gestão pública tenha mais sensibilidade, responsabilidade, transparência, governança e capacidade para atender às demandas. É preciso que o governo busque pela igualdade do acesso às políticas públicas pela população de forma equânime, sempre considerando, valorizando e ressaltando sua diversidade para que o país permaneça plural e socialmente inclusivo.





Jerúsia Arruda


Editora-chefe