Senhor Presidente,
Talvez representando uma parte dos cidadãos proprietários de veículos automotores de nossa cidade, venho por meio desta solicitar a V. Sa. que leia o contexto desta carta, que tem por maior finalidade de alerta. Talvez o seu imediato representante chefe de seção, agente Roberto, passe para o senhor só os bons momentos vivenciados pela corporação a qual o senhor preside.
É notória a insatisfação de todos infratores, a grosso modo vistos pelos seus agentes. A princípio, me baseio na estranha coincidência de ter sido eu multado por diversas vezes pelo mesmo agente nº 071, a menos que todos os seus agentes tenham o mesmo número.
Recentemente, estive no QG da Transmontes na Rua Dr. Santos e perguntei ao seu agente chefe a respeito do desrespeito de condução por parte de determinados agentes, que portam como se eles fossem exterminadores. Eles, em grande maioria, se transvertem e acham que, metidos naqueles uniformes, podem com certeza fazer o que bem acham e que são onipotentes e suas vestes são intransponíveis e que a razão está sempre a tiracolo, com aval dos asseclas que os chefiam.
Como já esperava, a resposta a minhas perguntas foram inconseqüentes e portadoras da síndrome da perfeição, no que confesso surpreso por tentar, mas sem conseguir êxito no meu diálogo, pois o agente chefe é recheado de metáforas, é treinado para defender os outros agentes e dar a eles o crédito de que eles não erram.
Lembra, senhor presidente; que um dia busquei do senhor informação sobre o primeiro descontentamento ao ser multado, por razões para o truculento e jocoso agente, que não me deu oportunidade de diálogo e se auto-consagrou senhor das razões, e que o senhor disse para procurar o órgão de reclamações, Jarí? Pois é, eu fui e deparei com um órgão infestado de agentes. Naquele instante pensei ter entrado na porta errada, mas não; estava mesmo no Jari. Fiz o que me foi determinado a fazer: minha defesa. Mas já sabia qual seria o resultado: ia perder e acertei.
Bem, senhor presidente, ouso aqui alertá-lo do perigo que ronda esses seus subordinados, mas antes gostaria que o senhor prestasse atenção a esses piratas xerifes estilo americano, que escondem os olhos na lente de seus óculos escuros para não delatar a satisfação acometida neles, ao multar. Ouso pedir que uma reciclagem fará bem a esses caçadores de troféus, compensados em elogios pelas vultuosas somas das multas, antes mesmo que uma desgraça venha a beneficiar algum deles. Engraçado de tudo isto é que o senhor Roberto disse ter certeza de que seus agentes nunca erram.
Atenciosamente,
Edson Honorato
edsonh@bol.com.br