Carne de sol de Mirabela: a marca do Norte de Minas

Jornal O Norte
30/09/2005 às 10:14.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:52

Ana Medeiros e Acácio Souza

Quem aprecia o sabor da comida mineira, ao passar por Mirabela, cidade que fica a 64 quilômetros de Montes Claros, não pode deixar de levar para casa a tradicional carne de sol do norte do estado. Com 12 mil 544 habitantes, o município fica às margens da BR 135 e tem na agropecuária sua principal atividade econômica. É das fazendas daquela região que sai a carne de sol, considerada uma das melhores de Minas, com marca registrada e que vem impulsionando o campo e o comércio.

O rebanho pode não ser tão expressivo: são 25 mil cabeças, sendo a maioria de gado de corte. Mas nem sempre foi assim. Até 2001, a economia era voltada para a pecuária leiteira. Com a queda do preço do leite, muitos pecuaristas resolveram investir na criação de animais para corte. Hoje, 70% do rebanho vão para o abate.

A cidade já era considerada a terra da carne de sol, mas faltava organização e estrutura melhores para justificar o título. Foi então que produtores, comerciantes, prefeitura, Emater (Empresa Mineira de Assistência Técnica Rural), com o apoio do Sebrae, elaboraram um projeto para valorizar o produto e organizar a cadeia produtiva. Em dezembro de 2002, a carne de sol de Mirabela recebeu o registro no Ministério da Agricultura e o produto se tornou uma marca da região. Um dos reflexos positivos desse projeto veio dois anos depois, com a criação da Festa Nacional da Carne de Sol, realizada até hoje na cidade.

O registro também influiu no aumento de animais abatidos. De acordo com a Emater, em cinco anos, o número de cabeças levado para o abate quase triplicou: de 120 para 400. Os dados se referem ao período de 2000 a 2004. Os 70% da carne de sol produzidos em Mirabela são vendidos para outras regiões. Para isso, foi preciso também investir mais nas fazendas. O pecuarista Ernani Costa gastou 30 mil reais na formação de novas áreas de pastagem: “Eu levei muito prejuízo com o gado de leite, foi quando tomei uma decisão radical, troquei tudo por gado de corte”, explica.

Se no campo os produtores tiveram que se aprimorar, na cidade, o comércio também teve que se adaptar para as novas atividades que começaram a surgir. O comerciante Luciano Mourão montou uma empresa de venda de sementes de capim. No ano passado ele faturou 200 mil reais e está otimista: “Eu pretendo contratar mais vendedores e dobrar o faturamento logo em 2006”.

Também houve um crescimento de 30 por cento na abertura de açougues. Atualmente, a cidade conta com 12 casas de carne e há quem deixou de ser empregado para virar patrão. É o caso de Márcio Mendes: “Hoje sou dono do meu próprio negócio e estou inaugurando mais um açougue”, revela o novo empresário.

Para o técnico do Sebrae, Antônio Carlos, o desenvolvimento econômico de um município a partir de um produto regional só é possível depois da implantação de projetos que vão dar sustentação ao negócio: “Basta um pouco de boa vontade, organização e união para que projetos, como o que vem sendo desenvolvido em Mirabela, deixem o papel para se transformar numa realidade capaz de mudar a vida de muita gente”.

Este texto faz parte da página produzida pelos acadêmicos do curso de Jornalismo do CRECIH/Funorte - Editores: Ana Gabriela Ribeiro


e Elpidio Rocha - Coordenador do curso: Ailton Rocha Araújo - Coordenadora de produção: Tatiana Murta

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