Márcia Viera
Chega, pessoal!! Chega mesmo, de tapar o sol com a peneira, de fazer ouvidos de mercador, de ser gentil e esperar, esperar e esperar que as coisas mudem unicamente pela consciência de cada ser humano.
É preciso que a população de Montes Claros saiba exatamente o que acontece nos bastidores da Câmara Municipal da maior cidade do Norte de Minas. Você quer o Mocão? Você acha que Montes Claros merece um centro administrativo? Você quer que o trânsito melhore e o transporte coletivo usual tenha alternativas? Você quer ruas pavimentadas? Você quer coleta de lixo e destinação adequada de resíduos? Você quer um grande hospital operando inteiramente pelo SUS? Você quer ter onde enterrar os seus entes queridos????
Pois bem, não teremos, a curto prazo, e talvez nem a longo prazo, esses e outros benefícios. Por quê??? Ora, porque a maioria dos nossos vereadores não trabalha para este fim, não tem compromisso com a população, com o trabalho para o qual foram escolhidos e juraram honrar. Fizeram das tripas coração para se eleger, para conquistar um cargo de status e boa remuneração. Foram eleitos. E agora frequentam e promovem inúmeras reuniões dentro e fora da cidade (que não são poucas e nem são baratas), ludibriando o cidadão menos esclarecido. Aprovam tudo que se refere ao próprio bolso- como o aumento das diárias-, mas quando se trata de atender ao interesse coletivo, enrolam, enganam, trapaceiam, descumprem o regimento. Esquecem-se da regra básica: todo poder é passageiro.
Claro que toda regra tem exceção. Quando me refiro à câmara, não coloco todos os vereadores no mesmo patamar, até porque cada um tem as suas peculiaridades, origens, pecados, inocências e atitudes das mais diversas. Muitos deles são pessoas da minha estima e consideração. E muitos deles se distanciam visivelmente daquilo que considero gente. Insensibilidade, ausência de preocupação com o outro, ausência de responsabilidade e compromisso, pecadores revestidos com a capa da inocência, que ostentam a sua face mais risonha para a plateia e no coração carregam o fel, a crueldade, a desfaçatez.
A maior cidade do Norte de Minas tem um prefeito que pensa, que conhece de gestão, que sabe planejar e administrar, mas para isso, infelizmente, depende da boa vontade do legislativo. E como muitos sabem e outros fingem não ver, o legislativo anda com muita má vontade para trabalhar em favor desta cidade. As reuniões já viraram piada há muito tempo. Imagino que em lugar algum do mundo aconteça coisa parecida. O capitão não tem o domínio da tropa e por isso, usa de artifícios e artimanhas para chegar ao seu objetivo: não deixar acontecer.
Então população, fique sabendo que tudo aquilo que vocês querem de bom pra esta cidade, quando não acontece ou demora a acontecer, tem nome e endereço certo: câmara municipal. É por lá que passam obrigatoriamente os projetos. E quando lá estacionam, parte dos que compõem aquela casa se julgam no direito de travar, impedir, atrasar, derrotar, derrubar. Os fins não são nobres, acreditem. O objetivo é apenas impedir que o prefeito faça, execute e administre bem, já que em contrapartida não sucumbe às descabidas e imorais exigências dos tais vereadores. Política. Suja e rasteira, fiquem sabendo.
Como cidadãos, temos a obrigação se descortinar este mistério que acontece semanalmente na câmara. Só pra terem uma ideia, no mais recente episódio, acrescentaram ao projeto do executivo (de interesse da cidade) 39 emendas. Mas a estratégia nem foi necessária, porque o projeto foi derrotado de início. A partir dele seriam efetivadas as parcerias público privadas e a agência reguladora de saneamento. Mais uma vez, a câmara não usou de bom senso e deixou de fazer algo para e pela população.
Então, no dia 05 de junho, o prefeito desta cidade, Ruy Muniz, tomou uma decisão sábia e comunicou à imprensa que todos os projetos de lei do executivo foram retirados da pauta e em seguida dois deles foram reenviados à casa. Sendo assim, nas próximas reuniões os vereadores deverão colocá-los na pauta de votações, apreciá-los, decidir e só então o executivo retornará com os outros. Entre estes outros, o que viabilizaria a construção do Hospital do Trauma, em terreno doado pelo município. A maquete está pronta, o governo estadual já cumpriu o acordado e município idem. Embora é preciso que fique claro, que ao contrário do que muitos vereadores propagandeando por ai, o município não está fazendo doação de terreno para o Estado, porque o terreno pertence à Santa Casa e cabe a ela, via cartório (escritura) fazer a transferência. O projeto do executivo apenas dilata o tempo para que as obras sejam feitas, que, aliás, deveriam ter sido iniciadas em 2012 e não foram. A prefeitura até tinha o direito de tomar o terreno, em função do descumprimento do acordo, ou seja, a não construção implica na devolução do terreno. Mas, visando o bem coletivo, o executivo decidiu dar mais tempo para que o hospital sai do papel.
Mas para isso,falta apenas o que? A aprovação pela câmara municipal. Quando? Não sabemos. Se o presidente da casa deixar que a reunião aconteça em tempo devido, sem interrupções de baderneiros financiados para garantir a desordem no local, e se houver quórum, porque uma das estratégias dos vereadores quando se veem sem alternativas para adiar o que não pode ser adiado, é sair pela tangente. Levantam-se das suas cadeiras, dão um pulinho na cantina para um cafezinho ou um cigarro, vão atender à algum cidadão, enfim, qualquer coisa serve como álibi. Seria melhor que olhassem para os seus eleitores e revelassem: “eu saí do local no momento da votação porque não queria votar, porque não tenho intenção de contribuir para uma cidade digna”.
Assistir a tudo isso e não se manifestar? Saber como as coisas acontecem e fechar os olhos? Não mesmo. A isso, dá-se o nome de “omissão”, para mim o pecado maior da humanidade e contra o qual estabelecemos uma luta diária e incansável. De novo, volto à pequena e indispensável mensagem de Luther King: “o que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons!”
Não sejamos coniventes com os procedimentos vergonhosos de gente(?) que carrega status de autoridade e atitude de covardes, porque estes não merecem nem mesmo deixar seus nomes gravados na história. São impronunciáveis.
