Clídio de Moura Lima *
Eu soube que você este aqui, vindo de lá. Ouvi falar que instantes antes você esteve noutro lugar. Certo e me garantiram, você ali apareceu. E assim, parece-me que você está em todo lugar, vagando por todos os cantos, aqui, ali, acolá e sei mais por onde você andou e andará, talvez medindo ruas... Assim disseram de você: o que fazer, quem o disse não tem. A vida segue seu curso inexorável e fria para o lugar comum.
Cachorro sem dono. Esta foi de você a comparação por andar sem rumo por todos os lugares. E me fez lembrar do provérbio em curso nas nossas Minas Gerais, e utilizado por Guimarães Rosa no diálogo do Corpo Fechado, um dos contos de Sagarana: “Cacunda do bobo é o poleiro do esperto”.
Amigo, que satisfação haverá você de dar, se obrigação nenhuma você tem para com aquele incomodado ou preocupado com a vida alheia? E no caso, logo com sua vida! Pois bem. Mande quem quer que seja “ir às favas” ou mande logo na linguagem mais apropriada e merecida de quem lhe difama, na linguagem vulgar mesmo, usando expressão chula: “Vá à merda”. Assim é que se fala! Tal expressão eu não falo porque não a aprendi. Escrevo tal expressão por ouvir falar do mesmo que de você falou: Cachorro sem dono.
Depois eu continuarei contando suas façanhas, por ouvir dizer. É que o tempo ruge (urge); e quem sai na chuva é pra se queimar (se molhar). Meu favorito amigo, diligente e cumpridor de suas obrigações (falsidade). Quando você estava na ativa, profícuo lente, de você isto não diziam. Hoje... É que, como diz o não menos conhecido provérbio “Rei deposto, rei morto”. Eu, de boa-fé e sinceramente, discordo da infâmia e difamação que lhe imputaram: Cachorro sem dono!!!
* Advogado, escritor e professor universitário
clidiomoura@bol.com.br