Avuador

Jornal O Norte
Publicado em 29/04/2010 às 09:49.Atualizado em 15/11/2021 às 06:27.

José Wilson Santos


zewilsonsantos@hotmail.com



Anote aí na sua agenda, índio velho, pra gente voltar ao assunto daqui a um século, se muito: o homem começa a criar as condições biológicas para ganhar o universo e tafuiar infinito adentro, sabe lá Deus até aonde.



Cientistas identificaram, isolaram e começam a estudar o gene que desencadeia o processo de envelhecimento humano, que por sua vez alavanca a grande maioria das mazelas que acometem homens e bichos, produtos justamente do enferrujamento da velha máquina — os chamados problemas de junta. Junta tudo e enterra.



Temo que talvez não seja mais uma utopia dizer que a ciência fará nascer, num futuro próximo, gerações programadas para viver por séculos a fio, contornando, assim, o maior empecilho às viagens interplanetárias: o tempo.



Aí o trem mudará de pau pra cacete: futuros astronautas, programados ainda no útero materno – ou em máquinas supimpas, que darão à luz vidas humanas —, viverem, quem sabe, milhares de anos para poderem desbravar o universo de cabo a rabo.



E o ‘Admirável Mundo Novo’, a ficção futurista e aterradoramente medonha do velho Aldus, que há trocentos anos previu um big brother no comando, a fabricar seres humanos em máquinas, com tempo de vida e habilidades previamente programados, vira realidade, como tem virado realidade boa parte das ficções levadas às páginas dos livros e às telas de cinema.



Claro, será preciso astronautos e astronautas que gostem da coisa, para que ‘nhanhem’ pra caramba, pelos confins do universo, fomando uma grande prole, pra dar conta do recado e ir deixando descendência em planetas possíveis à nossa forma de vida. E já que a ficção científica é do avuador aqui, sugiro algumas providências pra que a coisa não dê tilte.



A primeira de todas é um remédio de efeito imediato pra Tensão Pré Menstrual, a famigerada TPM. Já imaginou, índio velho, como será encarar por milhares de anos uma dona com TPM, presos numa astronave bem no meio do nada?



E se os burocratas derem de mandar a sogra junto com o casal? Cê concebe um trem desses, índio velho? A jararaca dando palpite em sua vida por milhares de anos? É mole ou quer mais?



Ah!, sim: não devemos esquecer, naturalmente, de uma boa psicanalista. Alguém precisa ajudar o astronauto a segurar as pontas quando a patroa der de discutir a relação. Discutir relação por milhares de anos não será brinquedo não! E para prevenir, que é melhor que remediar, é bão termos a bordo também uma excelente cirurgiã-plástica, que é pra mudar a cara da dona da pensão de tempos em tempos. Afinal, deve ser de pirar o cabeção olhar pra mesma cara durante milhares de anos.



Você pode me perguntar, índio velho, porque embarquei só mulheres na astronave. E eu respondo na chincha: tu é abestaiado? Como é que um astronauto viveria milhares de anos para desbravar o universo, sem poder dar umas costuradinhas pra fora?



Portanto, levemos as mulheres que pudermos, além de barris de chope, pinga de Salinas, cigarro, churrasquinho de gato, costela no bafo, carne de sol com mandioca, pequi, cafezinho, queijim de Minas, sinuquinha, filminhos, Marcinha Yelow pra bater retratos,  Maçarico pra comemorar aniversários, o número de Niltinho pra pedir uma minas diferentes, ao menos uma vez por semana, e por aí afora.



E vamos que vamos, que o universo é grande prá dedéu e o tempo ruge!

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