* Manoel Hygino
Faz-se de conta que não existe, mas há inquietação, sim. Não se tem mais tranquilidade para atravessar ruas, para retirar um dinheirinho na agência bancária, para entrar e sair de casa, para levar os filhos ao colégio, para fazer compras na mercearia. Nem se pode assumir compromissos com hora certa. As sucessivas “manifestações”, por qualquer ou por todo motivo, fecham as vias públicas nas cidades e o tráfego nas rodovias. Não entro no mérito das razões desses grupos, mas tenho de inclinar-me à evidência dos fatos e das inconveniências, às vezes graves, dos fechamentos de ruas, praças e estradas.
Há poucos dias, a realização do leilão do primeiro bloco para exploração de petróleo do pré-sal obrigou autoridades e mobilizou até dispositivo especial para garanti-lo. Constituiu-se um comitê. Ministros, Polícia Federal, generais de quatro estrelas entraram em cena por famigerados “black blocs” terem anunciado que promoveriam protestos, naquela tarde, na antiga capital da República.
Há arruaceiros, vândalos e ativistas. Enquanto Brasília se incomodava com o temor de criminosos, que as autoridades não tiram de circulação, uma explosão no Ministério das Comunicações deixou dezessete feridos, levados a hospital. Desta vez, foi um curto-circuito nos cabos de baixa tensão da subestação de energia elétrica do prédio. E se não fosse?
Na “Cidade Maravilhosa”, na mesma data, um tiroteio no morro do Pavão-Pavãozinho, pela madrugada, fez com que o comércio não abrisse as portas. Naquela região, onde já há uma UPP, traficantes, localizados, armaram mais um confronto. Moradores gritaram à tarde palavras de ordem contra a presença da Unidade de Polícia Pacificadora. Paz?
Em Belo Horizonte, não é menos preocupante a situação. Não só os ataques a jovens e mulheres no Bairro Dona Clara, onde 15 delas já teriam sido violentadas. Na Zona Sul, comerciantes do Sion e Anchieta instalam grades, portões de ferro e alarmes em seus estabelecimentos porque os ladrões estão em intensa atividade. O que, aliás, se confirma também com a existência de bandos perigosos, como o que furtou dinamites em Sabará. Com 215 quilos do explosivo se poderia ganhar uma revolução. Desta vez, a polícia chegou a tempo.
Nas cidades, qualquer que seja o porte, os motoqueiros serpenteiam, com suas máquinas, pondo suas vidas e as alheias em risco. Afora aqueles que fazem do seu veículo instrumento de ações criminosas, matando a torto e a direito, executando sem dó, nem piedade, e desafiando a polícia. Motivo há para medo, ate para se ir aos estádios. As gangues estão inseridas perigosamente nas “torcidas organizadas” e toda aglomeração.
