*Eduardo Costa
Há muito penso a respeito e agora tenho a coragem de dizer: as pesquisas eleitorais divulgadas às vésperas do pleito fazem muito mal ao processo cívico em que a gente escolhe aqueles que vão nos governar. É claro que, como todo brasileiro que sabe ler, não questiono o valor das pesquisas nem a eficiência dos nossos institutos. Aliás, é por serem tão bons é que influenciam negativamente boa parte dos eleitores.
Explico melhor: as pesquisas de boca de urna, aquelas feitas no dia da eleição, com quem já votou, são espetaculares: além de revelarem – com espantoso percentual de acerto – quem ganhou, antecipam os números, criando um ambiente propício para a aceitação, por parte dos perdedores, diminuindo assim os conflitos históricos das disputas eleitorais. As pesquisas feitas durante a campanha também são válidas porque permitem à opinião pública fazer suas avaliações, aos partidos eventuais correções de rota e aos eleitores maior empolgação na defesa de seus candidatos. A minha exceção são aquelas pesquisas divulgadas 48, às vezes 24 horas antes da votação.
Elas pegam um grande contingente de votantes indecisos que vão de acordo com as prévias, abrindo mão do seu direito de escolha simplesmente pelo prazer de “não perder voto”.
Por que o processo eleitoral permite que as pesquisas induzam as pessoas a votarem seguindo uma tendência, no lugar de fazer uma reflexão séria, sobre o melhor para sua cidade, seu país?
