Por Manoel Hygino
Pelo que a população pôde acompanhar pela mídia, o Dia Nacional de Luta, em julho, não conseguiu parar o país, não teve a pujança de vezes anteriores, não alcançou o nível almejado pelos seus organizadores. Não fossem os indesejáveis bloqueios de estradas e em garagens de ônibus, como enfatizou o jornalista Orion Teixeira, o movimento lograria ainda menos força e adesão.
O fechamento do metrô de Belo Horizonte prejudicou em torno de 215 mil passageiros e a paralisação de ônibus causou transtornos também na região metropolitana. Como sempre, a população sofreu danos, pessoas faltaram à jornada diária, perderam a remuneração, e o povão, de um modo geral, sofreu a inquietação resultante das manifestações programadas, mesmo não efetivamente cumpridas.
Mas a população sabia que assim seria. Ela acompanhou as manifestações contra a Copa das Confederações em junho, que deixou um rastro de funestas lembranças, não apenas para o estado, os empresários e as famílias das vítimas. Conter multidões é tarefa extremamente difícil, quando não impossível, e as marcas da violência perduram.
A imagem das centrais sindicais e sindicatos poderosos nem sempre é muito favorável em todos os países, mercê do domínio que exercem sobre segmentos importantes da sociedade. Há, ainda, e o cidadão conhece, os aproveitadores que usam essas entidades em proveito próprio e a serviço de interesses inconfessáveis. São fatos públicos.
A imprensa publicou que, nos últimos oito anos, foram criados no Brasil mais de 250 sindicatos por ano. De 2005 para cá, 2.050 surgiram, somando 15.007 até meados de abril. Apenas em 2013, nasceram 57 destas entidades. Algumas são organizadas só para arrecadar a contribuição obrigatória, como admite o presidente da CUT, Wagner Freitas. Elas movimentam pelo menos R$ 2, 4 bilhões, valor do imposto obrigatório em 2011, segundo o Ministério do Trabalho. Apesar disso, a quantidade de trabalhadores sindicalizados vem decrescendo.
Presentemente, são 16 milhões de associados às entidades, isto é, 17, 2% dos trabalhadores em atividade, segundo pesquisa do IBGE. Entre os sindicatos, 10.167 são de empregados e 4.840 patronais. As organizações têm de acompanhar os novos tempos.
