As notas das escolas

Jornal O Norte
Publicado em 29/07/2010 às 10:18.Atualizado em 15/11/2021 às 06:34.

Luiz Carlos Amorim


Escritor



Eu estava para falar dos exames que o governo faz com estudantes do ensino fundamental e de segundo grau para avaliar as escolas – na verdade avaliar a quantas anda a educação no Brasil – e agora que saiu o resultado do Enem, não posso deixar de abordar o assunto.



A minha intenção, quando saiu o resultado do exame dos alunos de primeiro grau, era comentar sobre as escolas municipais que assistem crianças dos primeiros anos do ensino fundamental, algumas muito bem avaliadas. E comprovo isso, pois minhas filhas estudaram em escolas municipais no início da vida escolar e a dedicação das professoras e a qualidade do ensino rivalizavam com as das escolas particulares.



Então saiu o resultado do Enem e as notas denunciaram, de novo, o baixo nível das escolas públicas, principalmente as estaduais. E este é o resultado natural, quando nossos governantes não investem na educação, assim como também não investem na saúde, nem na segurança. Então aparecem pedagogos, “educadores”, diretores disto e daquilo, dando desculpas esfarrapadas para as baixas notas das escolas públicas: “as escolas particulares tem melhores notas porque focam no vestibular.” Ora, as escolas têm que focar no ensino de boa qualidade, na educação. “Os alunos das escolas públicas são pobres, por isso não aprendem como os alunos das escolas particulares, que são de famílias com melhor poder aquisitivo.” Também não é desculpa, pois a escola deve priorizar o aprendizado do aluno, não a sua classe social.



A verdade é que os estados e municípios, os nossos governantes precisam pagar melhor nossos professores, para que eles não precisem dar aulas em duas ou três escolas e, decorrência disso, não desempenham bem a sua profissão em nenhuma delas. Professor é uma profissão essencial, que deve ser bem remunerada, porque prepara os adultos que vão estar à frente dos destinos de nosso país amanhã. Por isso devem ser qualificados e capacitados, e devem ser bem pagos para exercitarem seu papel de educadores com a maior eficiência.



Tenho visto o resultado do trabalho de professoras de escolas municipais e estaduais, sei a educação de qualidade que pode ser exercitada, embora essas professoras não ganhem o que merecem.



A sociedade não aceita mais desculpas bobas para o mau desempenho dos estudantes. O Mec mudou o sistema de alfabetização, por exemplo, na década passada, saindo de um sistema que sempre funcionou para um que até hoje é duvidoso. Há criança no terceiro, no quarto ano que ainda não sabe ler e escrever. Ao invés de capacitar os professores, provocam o atraso dos alunos iniciantes no aprendizado da leitura e da escrita. O Brasil precisa cuidar melhor da educação, cada vez mais relegada à própria sorte, cada vez mais à deriva. Nossa educação está cada vez pior e não é culpa dos professores. Tínhamos esperança que a atenção para a educação melhoraria com o senhor Lula, mas parece que ela não era uma de suas prioridades.



Precisamos exigir de nossos políticos mais ações e mais investimentos na educação, que estudem com mais carinho nosso sistema de ensino e a forma de pagar nossos professores.

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