Logotipo O Norte
Sexta-Feira,18 de Outubro

As lojas de (in)conveniência

Jornal O Norte
13/10/2009 às 09:47.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:13

Dirceu Cardoso Gonçalves


Dirigente da ASPOMI

Quando surgiram, como novidade, nos anos 60 e 70, as lojas de conveniência eram pequenos espaços anexos a postos de abastecimento ou estações de embarque, destinadas a oferecer produtos de necessidade imediata, principalmente à noite e nos fins-de-semana, quando o comércio convencional mantinha-se fechado em razão da “semana inglesa”. Hoje é um setor em franca expansão (20% ao ano) e alguns de seus proprietários dizem, orgulhosamente, que suas lojas também possuem “um posto de gasolina” anexo. Algumas chegam a disponibilizar 700 itens para sua clientela, que as acessa em todos os horários.

O Brasil dos últimos 30 ou 20 anos alterou por completo o seu perfil sócio-econômico. Não existe mais a semana inglesa, conquista dos trabalhadores de meados  do século passado, que determinava o funcionamento do comércio das 8 às 18 horas entre segunda e sexta-feira, das 8 às 12 ou 13 aos sábados e o recesso integral nos domingos e feriados. A modernidade trouxe o supermercado e o shopping que ampliaram o trabalho para as 24 horas do dia, através da constituição de turnos de revezamento. Só essa mudança de hábitos seria suficiente para aniquilar a loja de conveniência na sua forma original. Isso exigiu a reação criativa do setor que,  contra-atacou, expandindo sua gama de produtos e serviços.

O formato mais fácil de ampliação e modernização, foi transformar a loja de conveniência num boteco ou ponto de encontro. Hoje, centenas de lojas anexas aos postos de combustíveis possuem imensas geladeiras com cervejas e outras bebidas, mesas que dividem o espaço com o pátio de estacionamento e ali reúnem os bebedores do “happy hour”, os da balada e uma série de outras atividades que, vistas do ponto-de-vista tradicional, constituem transgressões. Há, inclusive, o desfile dos ignorantes exibicionistas que param seus veículos equipados com som potente, abrem a porta e impõe seu gosto musical (na maioria das vezes sofrível) a todos os demais freqüentadores e aos moradores da redondeza.

Respeitados todos os direitos de livre comércio, as autoridades deveriam fiscalizar mais as tais lojas de conveniência, para evitar que sejam de “inconveniência”. Talvez seja rigor demasiado impedi-las de vender bebidas alcoólicas. Mas nada mais justo do que impedir que os compradores, especialmente os motoristas, as ingiram no próprio local. Via-de-regra, quem vai a um posto de abastecimento está dirigindo e é legalmente impedido de consumir bebidas alcoólicas. E quem o induz a fazê-lo é, pelo menos, co-autor do crime ou contravenção. Há que se respeitar também as leis do silencio e outros códigos de postura do local onde os postos (e suas lojas) estão instalados.

É do absoluto interesse da sociedade regulamentar o comércio de conveniência. A omissão do poder público e das autoridades têm feito desses estabelecimentos verdadeiros pontos de bebedeira e transgressões legais e comportamentais. Executivo, Legislativo e até o Judiciário deveriam se interessar pela questão e evitar que ao lado do útil posto de abastecimento e no âmbito da lojinha que deveria atender às emergências da população, continue existindo uma estrutura nefasta que tanto incomoda e, além disso, contribui para o aumento do número de acidentes de trânsito, crimes e mortes.

Do jeito que está, não dá para continuar... Acreditem!

Compartilhar
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por