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Uma pessoa nasce líder ou aprende a liderar?

Gregório José*
Publicado em 16/05/2024 às 19:29.

Acalorados debates ocorrem a respeito de uma questão absolutamente relevante sobre liderança: a pessoa nasce líder ou trata-se de uma habilidade a ser desenvolvida? Há defensores nos dois extremos. Um grupo afirma que liderança é uma característica inata, observada em diversas espécies de mamíferos selvagens, como lobos e chimpanzés, onde a personalidade dominante aparece nas primeiras semanas de vida. Em humanos, alguns poucos indivíduos demonstram tendência de comandar ainda no jardim de infância e assim continuarão durante toda a existência, indicando que a genética tem grande impacto nessa característica.

Outro extremo acredita que é uma habilidade que pode ser aprendida e aperfeiçoada durante a vida, e que a influência do ambiente é maior do que a da genética. Os adeptos dessa hipótese afirmam que comportamentos de dominância e submissão observados em mamíferos selvagens, assim como em humanos, são influenciados pela observação e imitação do comportamento dos mais velhos.

Mas será que não há um meio-termo, um ponto de equilíbrio entre essas duas perspectivas? Precisamos compreender a complexidade da natureza humana. Somos seres que nascemos com determinadas predisposições genéticas, é verdade. No entanto, também somos moldados pelo ambiente em que vivemos, pelas experiências que acumulamos e pelas interações que mantemos ao longo da vida.

Acredito que a liderança é um fenômeno que se situa justamente nesse ponto de intersecção entre o inato e o adquirido.

Imagine um jovem que, desde cedo, demonstra traços de liderança. Se ele crescer em um ambiente que valorize e incentive essas características, onde tenha a oportunidade de assumir responsabilidades e aprender com os erros, é provável que se torne um líder eficaz. Se o mesmo jovem for reprimido ou negligenciado, suas predisposições podem nunca se manifestar plenamente.

Pense num indivíduo sem predisposição que pode, através de educação, treinamento e experiência, desenvolver essas habilidades ao longo da vida. A história está repleta de exemplos de pessoas que emergiram como líderes em circunstâncias adversas, transformando desafios em oportunidades de crescimento e aprendizado.

Ao debatermos se a liderança é inata ou adquirida, devemos reconhecer a complexidade e a interdependência desses fatores. A liderança é, em última análise, uma expressão da capacidade humana de crescer, adaptar-se e evoluir. É uma habilidade que se desenvolve na confluência de predisposições genéticas e influências ambientais, um testemunho da plasticidade e da resiliência do ser humano.

Como muitas outras características humanas, ela é um fenômeno dinâmico, em constante evolução, moldado tanto pela biologia quanto pela cultura. Reconhecer essa complexidade nos permite não apenas entender melhor o fenômeno de como liderar, mas também criar condições mais favoráveis para o desenvolvimento de novos gestores em todos os contextos da sociedade.

*Jornalista/Radialista/Filósofo

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