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Um verdadeiro “Negócio da China”

Emanuel Pessoa*
Publicado em 07/05/2024 às 19:00.

Visitar a Feira de Cantão - ou Canton Fair -, na China, é uma experiência altamente recomendável para importadores e exportadores brasileiros. Na edição desse anol, que se encerrou em 5 de maio, a organização do evento estima um público de mais de 370 mil compradores apenas no primeiro dia da feira, com cerca de 69 mil estrangeiros, todos interessados no que as quase 29 mil empresas expositoras têm a oferecer.

A Feira de Cantão é uma grande porta de entrada para o comércio entre Brasil e China e as relações bilaterais se fortalecem a cada ano. Desde 2009, a China é a maior parceira comercial do Brasil e no ano passado, o MDICS (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) divulgou um superávit de mais de US$50 bilhões na balança comercial dos dois países e um volume de exportações brasileiras para a China que, pela primeira vez, superou a marca dos US$100 bilhões.

Cantão é a maior feira comercial multissetorial do mundo e oferece toda a gama de produtos e serviços: de maquinário de última geração com ou sem inteligência artificial, eletrônicos a camisetas básicas com tamanhos personalizados, tudo pode ser encontrado na feira.

A grande vocação da feira é a venda de produtos, mas também é possível encontrar parceiros chineses que ajudem a vender produtos brasileiros no maior mercado consumidor do mundo. De acordo com o banco Morgan Stanley, o consumo interno chinês movimentou US$6,3 trilhões em 2019 e vai mais do que dobrar até 2030, atingindo um volume estimado de US$13 trilhões.

Para os exportadores brasileiros, existe muito interesse da China por alimentos, como o açaí, o própolis e o café, bem como pelo pé e o pescoço da galinha. Produtos de moda, como vestuário e acessórios, também despertam muita curiosidade dos chineses e chinesas.

Como um “Negócio da China”, digno do nome, os preços são muito competitivos. Mas, pelo tamanho da feira e oferta de produtos, um planejamento cuidadoso faz toda a diferença, pois os custos da viagem são consideráveis. Escolher com antecedência os produtos, pesquisar os fornecedores e formas de pagamento vão economizar muita energia e evitar desconfortos.

Falando apenas da questão logística, os expositores se espalham em uma área de 1,55 milhão de metros quadrados – tamanho equivalente ao do Parque do Ibirapuera, em São Paulo – e muitas vezes é preciso pegar um carrinho de golfe para chegar ao local.

Também é possível participar da feira de forma online, mas não são todos os expositores que se cadastram na plataforma e o visitante, por sua vez, perde o acesso físico às amostras do produto.

Por todo o volume comercial bilateral, estar presente no mercado chinês é uma oportunidade única, e uma feira como a de Cantão proporciona isso. Não apenas para encontrar produtos de qualidade e preços competitivos, mas também para conhecer tecnologias e soluções de ponta que vão chegar ao mercado nacional brasileiro em algum momento. Nesse sentido, cabe ao empresário brasileiro avaliar oportunidades e, se for caso, antecipar-se aos concorrentes.

*Advogado especializado em Direito Internacional, Governança Corporativa, Direito Societário, Contratos e Disputas Estratégicas. Mestre em Direito pela Harvard Law School, Doutor em Direito Econômico pela USP, Certificado em Negócios por Stanford, Bacharel e Mestre em Direito pela UFC, além de palestrante e comentarista.

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