Tragédias ambientais

Fernanda Braga*
Publicado em 30/05/2023 às 19:18.

O Brasil sofre com problemas causados pelas chuvas e pela ação humana no meio ambiente todos os anos. Estudo divulgado recentemente pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) revela que aconteceram 11 catástrofes ambientais no país nos últimos dois anos, com aproximadamente 500 vítimas. O documento indica ainda que 70% da população brasileira está localizada em áreas consideradas de risco para a ocorrência de tragédias, como inundações e deslizamentos de terra. Esse cenário poderia ser menos alarmante, entretanto, o Estado brasileiro ainda não tem políticas públicas focadas na prevenção dessas situações.

Temos no Brasil um grande histórico de situações em que centenas de pessoas foram vítimas de desastres ambientais como estouro de barragens, deslizamento de encostas com destruição de moradias em cidades litorâneas, entre outras. O relevo acidentado do país, aliado à falta de investimento - tanto público quanto privado - deixam sequelas imensuráveis na população, especialmente para as pessoas que moram em encostas, morros, mananciais e margens e várzeas de rios, por exemplo.

Falta fiscalização e isso é grave. Nas florestas, o alto índice de desmatamento cria condições para a ocorrência cada vez maior de tragédias, principalmente nas regiões cujo clima é mais úmido. Na outra ponta, muitos municípios ainda têm dificuldade para cumprir o plano diretor e implementar políticas de habitação. Por conta disso, milhões de pessoas vivem em locais com alto grau de perigo e se tornam vítimas do descaso todos os anos.

É preciso investir em prevenção. A tecnologia tem avançado a passos largos e hoje há ferramentas que possibilitam realizar o monitoramento constante de áreas consideradas sensíveis. Já temos recursos para prever com antecedência as possibilidades de catástrofes e adotar as ações necessárias para mitigar os riscos e conter o impacto. Temos, também, profissionais altamente capacitados para atuar nessas empreitadas.

Em 10 de abril celebramos o Dia da Engenharia, assim como o Dia do Engenheiro Agrimensor em 4 de junho, datas importantes para deixarmos esse alerta aos governos e empresas. Os profissionais dessa área e as tecnologias desenvolvidas por eles são peças-chave para evitar as calamidades que vemos todos os anos, o que reforça que, de fato, temos os recursos para prevenir esses desastres.

Está na hora, então, de o poder público e as empresas incluírem esse tema na pauta de discussões a fim de criarmos uma política de Estado sólida. Do contrário, continuaremos a ver todos os anos centenas de pessoas vitimadas por situações que poderiam ter sido evitadas.

*Gerente administrativa da APAT - Associação dos Profissionais de Agrimensura e Topografia

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