Em 2016, o Brasil foi declarado livre do sarampo. Desde o ano 2000 não havia registro de transmissão autóctone no país. Essa conquista foi viabilizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), com o qual alcançamos uma cobertura vacinal para a primeira dose da vacina tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) de 96%, em 2015.
Lamentavelmente, essa abrangência não foi mantida por muito tempo. Com uma queda de mais de 20% na aplicação das duas doses da vacina tríplice viral, o cenário ficou suscetível à ressurgência das doenças. E, em 2019, registrou-se os primeiros casos do que se tornaria um surto de sarampo no Brasil.
A transmissão do vírus do sarampo ocorre a partir do contato de pessoas sem imunidade ao vírus com gotículas de secreção e saliva de pessoas doentes ao espirrar, tossir, falar ou respirar próximo. O sarampo é uma doença viral aguda, muito contagiosa, similar a uma infecção do trato respiratório superior que pode causar, em crianças menores de 5 anos, graves problemas de saúde e até o óbito. Em 2020, o Brasil registrou 8.448 novos casos de sarampo e dez mortes relacionadas à doença, a maioria em crianças menores de 5 anos não vacinadas.
Na tentativa de prevenir o surgimento de complicações decorrentes da infecção, o Ministério da Saúde inicia a Campanha de Vacinação contra Gripe e Sarampo, com meta de vacinar 95% das crianças de faixa etária entre 6 meses e 5 anos. O objetivo é retornar ao patamar considerado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e Organização Mundial da Saúde (OMS) como necessário para impedir novos surtos de sarampo e aumentar a cobertura vacinal de influenza que, em 2021, foi inferior a 78% entre o grupo prioritário (crianças, gestantes, puérperas, idosos, indígenas e trabalhadores da saúde).
A vacinação simultânea é uma atividade recomendada pelo PNI para diminuir as perdas de oportunidades de vacinação. Já que, ao se aplicar mais de uma vacina no mesmo atendimento, reduz-se o número de deslocamentos até a unidade de saúde para a regularização do cartão de vacinação. Essa aplicação simultânea não aumenta a frequência ou a gravidade dos efeitos adversos e não reduz o poder imunogênico que cada vacina possui quando administrada isoladamente.
O compromisso dos pais de crianças entre 6 meses e 5 anos com a campanha de vacinação contra gripe e sarampo é sinônimo de paternidade responsável e segurança coletiva.
* Analista Pleno em Biologia Molecular da Target
Medicina de Precisão