Os bancos norte-americanos estão dispensando clientes, sem maiores explicações ou avisos, conforme alerta matéria recente veiculada pelo jornal O Estado de São Paulo. Estão assim reafirmando que eles escolhem os seus clientes, segundo os seus próprios interesses e critérios.
No Brasil, antes dos atuais regulamentos do Banco Central e portanto antes das fintechs, esse processo seletivo pelos bancos era bem conhecido por todos. Abrir uma conta bancária era um ato burocrático e nada simples, a ser realizado presencialmente e carregando uma pasta de documentos e comprovantes - e sem garantias de “ser aceito” pela instituição. A não ser, é claro, que o candidato a correntista chegasse com um investimento a fazer, ou aceitando uma compra de consórcio e assim por diante.
Felizmente, isso mudou radicalmente no Brasil, e mais do que nunca as instituições financeiras de todo porte batalham nas ruas digitais por novos clientes. São atualmente centenas de empresas, algumas já com porte equivalente aos bancos tradicionais e muitas outras operando no atendimento de nichos específicos do mercado e todas aceitando novos correntistas sem maiores empecilhos.
Assim, temos um novo mercado e os clientes podem escolher o seu banco. Nesse caso, quem manda é o consumidor, algo inédito para a esmagadora maioria dos brasileiros.
Uma pesquisa recente encomendada pelo Google aos institutos Quantas e Liga Pesquisa, indica que quase a metade dos entrevistados está insatisfeita com os seus bancos, sejam tradicionais ou digitais, e de qualquer porte, e dispostos a mudar de banco. Eles estão aprendendo que podem mudar de ideia e de banco, conforme a sua conveniência. Segundo o levantamento, seis em cada dez (57%) brasileiros consideram trocar de banco principal, com 17% indicando que há “muitas chances” de fazer a troca e apenas 8% entendem que não existe chance alguma para a mudança.
Mas, existe um universo paralelo escondido atrás do universo das fintechs, porque as facilidades e serviços que elas entregam via seus aplicativos são desenvolvidos por empresas de tecnologia altamente especializadas, muitas delas pouco ou nada conhecidas. Esta tecnologia será uma das razões que motivam a mudança de banco, maior facilidade de uso, mais funcionalidades e um sistema de atendimento do cliente eficiente.
Se muitos brasileiros estão dispostos a trabalhar com um novo parceiro para as suas finanças, pessoais ou de negócios de todo porte, então existe uma janela de oportunidades a ser aproveitada, principalmente quando as fintechs precisam se voltar para a consolidação de seus negócios e a geração de resultados.
Apesar da conjuntura, o sistema financeiro ainda oferece boas oportunidades para o crescimento ou a criação de novos negócios, como informa a Pesquisa Fintech Deep Dive 2023 da PWC. A maior aversão ao risco aumentou a seletividade na concessão de financiamento, com investimentos mais conservadores e custos de empréstimo mais altos. Ainda assim, o segmento de fintechs parece ter sido menos afetado que as startups de modo geral.
Do universo pesquisado, 43% das fintechs participantes atingiram o break-even, nível máximo registrado nas cinco edições da pesquisa, a fatia de empresas que receberam recursos cresceu de 41% para 45% de 2021 para 2022 e o percentual que captou mais de R＄ 10 milhões subiu de 21% para 31%. Entre as fintechs de crédito, 74% participaram de pelo menos uma rodada de investimento.
Bom… como vimos, a notícia é boa para as fintechs - e também para as empresas que desejam virar/ou ter uma. Com uma boa infraestrutura tecnológica disponível, a captação de um cliente inicial para o seu nicho de atuação passa a ser o passo decisivo. Assim, caso você atue em uma empresa - de qualquer tamanho ou segmento - e naturalmente tenha colaboradores, clientes ou transações bancárias, esse pode ser o seu caso. O caso de ter um banco para chamar de seu.
*CEO da Biz