Mesmo antes da pandemia, que nos forçou a repensar os modelos de trabalho, se experimentava o trabalho remoto para os profissionais da tecnologia. Já seria algo natural, se levarmos em conta o tipo de trabalho que essas pessoas desempenham. Além do mais, assistimos à evolução das discussões acerca da efetividade desse formato, entendendo que a flexibilidade de horário pode interferir positivamente na produtividade.
“Ah, mas o Elon Musk acabou com o trabalho remoto nas empresas dele”. Esse fato gerou várias discussões. A fala do megaempresário do ramo de tecnologia certamente geraria algum impacto no meio. Pessoalmente, acredito que a decisão deve ter feito sentido para os negócios dele.
Depois da fala pública do CEO da Tesla, observei muita gente repetindo que era certo ou errado, sem embasamento ou dados concretos. Assim, a fim de colaborar, compartilho alguns dos aprendizados que colhemos com o trabalho de inovação no Grupo Supernosso, cujo e-commerce (www.supernosso.com) foi o que mais cresceu no Brasil em fevereiro de 2022, no setor Comida e bebida, categoria formada por sites de delivery, mercados e venda de bebidas em número de acessos.
Segundo dados da Conversion, empresa brasileira que analisou o tráfego dos maiores sites do Brasil, mesmo diante da queda do setor, o e-commerce do Supernosso registrou crescimento de 34%. As demais empresas do setor registraram, no mesmo período, uma retração de 11% no tráfego.
Sobre minha experiência, parto do pressuposto que nosso time não é digital, é de transformação – e isso muda toda a perspectiva. A maioria dos chamados “times digitais” focam em produzir soluções que acabam trazendo evolução somente para áreas relacionadas à tecnologia, inovação e afins. Já um time de transformação tem o desafio de gerar melhorias na empresa como um todo, afinal, inovar os canais que já são “novos” é mais fácil.
Nesse contexto, nossos gestores e suas equipes têm autonomia para trabalhar de onde eles vão produzir mais, segundo a opinião deles. Confiamos na experiência e no profissionalismo do time. Compreendo, também, que não existe ciência para definir a regra: “X% home office x Y% presencial” ou “alguns dias da semana de um jeito, outros dias da semana de outro”. Cada empresa, cada situação, cada ser humano vai funcionar de uma forma – e isso deve ser levado em consideração.
Em meio ao processo de mudança que cada empresa aplica, alguns pontos merecem atenção. O principal, sem dúvidas, é a garantia de conexão com a cultura da empresa. Os colaboradores podem trabalhar de qualquer lugar, desde que estejam muito engajados no propósito, nos valores e na proposta de valor da organização.
Outro ponto de alerta é: o time pode até trabalhar predominantemente de forma remota, porém, se o gestor não verificar o resultado das ações em que a equipe está trabalhando, de forma rápida e pontual, ele não vai saber ajustar o que está dando errado, nem replicar o que está dando certo.
Nesse sentido, a presença física ou remota deve ser relativizada. Por isso, não vai haver certo ou errado, vai haver o que faz sentido, o que funciona para determinada realidade, num determinado momento.
* Diretor de Finanças, Processos e Tecnologia do Grupo Supernosso.