Dezembro chegou novamente e, junto com as decorações de Natal, tardes escaldantes com chuvas fortes e trânsito ainda mais caótico, chegam os eventos de confraternização. Da empresa, do clube, do prédio, da faculdade, do MBA, do time de futebol, da confraria. Em meus 20 anos de carreira no mercado financeiro, nada tem se repetido mais nesses eventos do que a pergunta: Gustavo, alguma dica de investimento para o ano que vem?
Eu sempre entendi, no lado pessoal, o poder de acreditar que à meia-noite do dia 31 de dezembro tudo pode mudar e que o “ano novo” virá cheio de coisas boas. Esperanças renovadas, planos refeitos, regimes prometidos! Até acho que cabe gastar uma das sete ondinhas em um “espero que a bolsa suba”, mas daí a tomar decisões de investimento é uma diferença muito grande!
Então, sinto decepcioná-los, mas não tenho nenhuma dica de investimentos para 2019 _ assim como não tinha para 1999 _, a não ser algumas ideias, conceitos e opiniões que são “atemporais”, como, por exemplo a confusão em torno do conceito de diversificação de carteira.
Ter uma carteira diversificada é um conceito bastante difundido e aceito entre os investidores, e, geralmente, vem até acompanhado da frase “não colocar todos os ovos na mesma cesta.” O problema é que, de forma bastante comum, o que se diversifica são os retornos e não os riscos. Voltando para a cesta, é como se tivéssemos ovos de diferentes naturezas, cores, formatos. Mas, sim, na mesma cesta!
E a cesta mais comum onde colocamos todos os nossos diferentes ovos é a “Cesta Brasil”. Colocamos na “Cesta Brasil” um título público, um CDB, uma debênture incentivada, uma LCI, um fundo imobiliário, três ou quatro fundos multimercados e dois fundos de ações. Tudo em proporções pensadas e de acordo com meu perfil de risco e vamos dormir tranquilos!
Mas e se a cesta cair?
Não, eu não acho que a cesta vá cair, nem tenho um cenário que diga que ela nunca vá cair. Já caiu no passado, pode cair de novo no futuro, acho que não cai em 2019, mas não sei! Agora, o que eu sei é que o risco da “Cesta Brasil”, no exemplo acima, não foi diversificado!
Quando tudo estiver bem no mercado, sim, vai parecer que diversificamos, porque os retornos virão de fontes diferentes, em tamanhos diferentes. Mas, nos momentos em que a cesta chacoalha, todos os ovos balançam ao mesmo tempo e na mesma direção! Lembram de Maio desse ano?
Mas, então, há outras cestas disponíveis?
Claro! Nosso Brasil representa aproximadamente 3% do PIB mundial, portanto, deveríamos sim procurar colocar alguns ovos em outras cestas e assim diversificar o risco de nossos investimentos sempre.
E, como 2019 vem aí, por que não começar agora?
(*) Gustavo Aranha é sócio responsável área Comercial da GEO Capital, gestora brasileira com foco em investir, exclusivamente, em ações globais fora do País. Bacharel em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas e especialista em Business Economics pela mesma faculdade.