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Novo Papa e fé-Licidade inspiram bem-estar coletivo

Sandra Teschner*
Publicado em 12/05/2025 às 19:00.

Mudanças em posições de grande visibilidade global costumam transcender a formalidade dos cargos. Elas catalisam reflexões e dão novos contornos a diálogos urgentes sobre valores, sentido e bem-estar. É exatamente este o caso da escolha do novo Papa. O cardeal americano Robert Francis Prevost, agora Papa Leão XIV, assume um papel que ultrapassa a liderança de uma instituição. Ele se insere como uma voz global com poder para inspirar, provocar e, acima de tudo, conectar.

Em um cenário onde crises, polarização e sentimentos de isolamento se aprofundam, o impacto de lideranças que simbolizam empatia, diálogo e construção de propósito se torna ainda mais relevante. E a ciência da felicidade reforça isso com dados e evidências cada vez mais robustas.

Um estudo publicado em 2025 na Revista CES Psicología apontou que qualidade de vida e clareza de propósito estão diretamente relacionados ao bem-estar psicológico — sobretudo em momentos de transição ou adversidade.

Além disso, o World Happiness Report 2025 destacou que comportamentos pró-sociais, como generosidade, cuidado e cooperação, são preditores cada vez mais importantes da felicidade. Atos de bondade e a valorização das conexões humanas ganharam protagonismo em um mundo que busca novas formas de equilíbrio emocional.

Essa narrativa se conectou diretamente com o que foi discutido no SXSW 2025, um dos maiores palcos globais para inovação e comportamento. O evento reforçou que a verdadeira felicidade não é fruto apenas de conquistas ou status, mas da combinação entre propósito, bem-estar e conexões significativas. No painel “Happiness: It’s Not What You Think”, especialistas destacaram como a neurociência e a psicologia têm mostrado que é possível treinar o cérebro para respostas mais positivas e colaborativas. Já Michelle Obama e Laurie Santos reforçaram, em uma conversa inspiradora, que esperança e bem-estar surgem do compromisso ativo com a mudança e com os outros.

Esse debate sobre o papel do propósito e das conexões para o bem-estar também vem ganhando espaço em instâncias formais da sociedade. Em 2025, o Conselho Federal de Medicina (CFM) criou oficialmente a Comissão de Saúde e Espiritualidade, com o objetivo de aprofundar estudos e diretrizes sobre como fatores ligados à espiritualidade e ao sentido de vida impactam a saúde mental e física da população. A iniciativa é mais um sinal de que o bem-estar é cada vez mais entendido como um fenômeno integral — que ultrapassa aspectos objetivos e inclui dimensões emocionais e subjetivas fundamentais para a qualidade de vida.

Esse contexto dialoga diretamente com o conceito que venho defendendo e aprofundando há anos: a fé-licidade. Uma felicidade que não depende de fatores externos ou transitórios, mas que nasce da confiança no outro, no propósito que nos move e na potência das conexões reais. Fé-licidade é quando a esperança se torna ação, e o bem-estar é construído cotidianamente por meio de escolhas conscientes e humanizadas.

A chegada do Papa Leão XIV acontece, portanto, em um momento em que a sociedade clama por lideranças que despertem mais do que admiração — que inspirem transformação. Sua influência global pode (e deve) ajudar a iluminar valores que hoje se tornaram essenciais para a saúde emocional coletiva: empatia, escuta, generosidade e respeito.

A felicidade que buscamos não é mais sobre conquistas individuais. É sobre vínculos, pertencimento e construção de sentido em um mundo que se reinventa. E que líderes como o novo Papa sejam capazes de inspirar essa jornada, conectando propósitos, promovendo o diálogo e reafirmando, para todos nós, que a verdadeira fé-licidade é sempre uma construção conjunta.

*Fundadora do Instituto Happiness do Brasil.

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