Negacionismo científico

Franco Lajolo*
Publicado em 15/02/2022 às 00:01.Atualizado em 15/02/2022 às 08:54.

A história nos mostra que a Ciência é um poderoso instrumento de criação de conhecimento. Ela nos ajuda a entender o mundo em que vivemos e a nós mesmos, além de contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e democrática.

Respostas à necessidade de produzir alimentos para as mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, as tecnologias para garantir sua conservação, distribuição e segurança são apenas um exemplo da importância da Ciência para um mundo melhor.

A contribuição da Ciência, no campo da alimentação humana, soma-se à sua contribuição para uma melhor compreensão das doenças e, consequentemente, para a redução delas. Tais benefícios só foram possíveis pelo conhecimento sem precedentes dos mecanismos celulares, moleculares e genéticos. Tal cenário levou à criação de medicamentos e alimentos que contribuíram de forma expressiva para o aumento na expectativa e na qualidade de vida.

Nas atividades de pesquisa, especialmente as desenvolvidas na universidade, geram-se, ao lado de soluções para problemas, os recursos humanos que precisam estar disponíveis para desenvolver e avançar os projetos de pesquisa, o motor da Ciência. As vacinas, hoje universalmente conhecidas e utilizadas, que protegem da poliomielite, do tétano, da coqueluche, do sarampo, da Covid-19 e de muitas outras doenças são um excelente exemplo da importância de descobertas científicas.

A construção desse sistema de pesquisa, ciência e tecnologia leva muito tempo e requer recursos de forma continua e adequada, ao lado de políticas estáveis, o que - infelizmente - não tem sido uma constante no Brasil.

É importante que a sociedade esteja consciente desse papel da Ciência, rejeite políticas que ameacem seu desenvolvimento, apoiando e mesmo exigindo financiamento público - adequado e regular - para a pesquisa científica.

Falsas notícias sobre alimentação e saúde, baseadas em opiniões leigas, e não em fatos - e em interesses nem sempre legítimos - são extremamente prejudiciais. Afetam as decisões e práticas das pessoas atingindo as mais diversas camadas sociais. Além disso, dificultam e retardam a implementação de melhores politicas públicas de saúde e de meio ambiente, de novas tecnologias, fazem retroceder avanços já conseguidos, como se vê atualmente em movimentos contrários à vacinação e ao uso da biotecnologia em diversos países. É o negacionismo científico.

Negar a Ciência é, essencialmente, a forma mais pura e simples de negar-se a Vida.

*Professor Emérito da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) e presidente do Conselho Científico e de Administração do ILSI (International Life Sciences Institute) Brasil.

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