O calendário se tinge de verde em maio, e o motivo é nobre: conscientizar a população sobre o glaucoma, uma doença ocular séria e traiçoeira, responsável por um número alarmante de casos de cegueira irreversível em todo o mundo. Conhecido como o “ladrão silencioso da visão”, o glaucoma merece nossa atenção, pois age sorrateiramente, muitas vezes sem dar pistas de sua presença até que danos significativos já tenham ocorrido.
O glaucoma é um grupo de doenças oculares que danificam progressivamente o nervo óptico, estrutura vital que transmite as imagens captadas pelos olhos ao cérebro. Na maioria dos casos, essa lesão está associada ao aumento da pressão dentro do olho (pressão intraocular). Com o tempo, essa pressão elevada comprime as fibras nervosas do nervo óptico, levando à perda gradual da visão, começando tipicamente pela visão periférica (lateral).
Embora seja mais comum em pessoas com mais de 40 anos, é um erro pensar que o glaucoma é uma exclusividade dessa faixa etária. Jovens adultos e até mesmo recém-nascidos (glaucoma congênito) podem ser afetados. Além da idade, outros fatores de risco incluem: histórico familiar de glaucoma; pressão intraocular elevada; diabetes; alta miopia; descendência africana ou asiática; uso prolongado de medicamentos à base de corticoides.
A principal característica que torna o glaucoma tão perigoso é sua natureza assintomática nas fases iniciais. Diferente de outras condições que causam dor ou vermelhidão, o tipo mais comum de glaucoma (glaucoma de ângulo aberto) não manifesta sinais de alerta. A pessoa pode levar uma vida normal, sem perceber que seu campo visual está se estreitando lentamente, como se olhasse através de um túnel cada vez mais fino. Quando a perda de visão se torna perceptível, a doença geralmente já está em um estágio avançado, e a visão perdida, infelizmente, não pode ser recuperada.
Se o glaucoma não dá sinais, como combatê-lo? A resposta está no diagnóstico precoce, realizado através de um exame oftalmológico completo. A boa notícia é que, embora o glaucoma não tenha cura, ele pode ser controlado. O tratamento visa principalmente reduzir a pressão intraocular para frear a progressão da doença e preservar a visão restante. As opções incluem colírios, tratamentos a laser e, em alguns casos, cirurgia.
O Maio Verde surge como uma campanha essencial para ecoar a mensagem: a prevenção, através de consultas oftalmológicas regulares, é a melhor estratégia. Para pessoas acima de 40 anos, ou mais cedo para aquelas com fatores de risco, o check-up oftalmológico anual ou bienal (conforme orientação médica) é fundamental.
Neste Maio Verde, abra os olhos para o glaucoma. Não espere pelos sintomas. Cuide da sua visão, informe seus familiares e amigos. Uma simples consulta pode salvar sua capacidade de ver o mundo em todas as suas cores e detalhes.
*Oftalmologista especialista em glaucoma do NEO Oftalmologia