O mercado de delivery experimentou um crescimento significativo desde o início da pandemia. Quando diversos estabelecimentos, como restaurantes e bares, tiveram que fechar suas portas, foi no delivery que muitos negócios encontraram a chance de se manterem abertos, atendendo seus clientes, mesmo com muitas adversidades e necessidade de digitalização. Todo o setor sentiu um boom nas entregas em domicílio e projetavam a continuidade desse crescimento por conta da intensa transformação nos padrões de consumo que a pandemia impôs.
No entanto, a retomada ainda tímida da economia – abaixo do que se projetava para mais de um ano após o início da pandemia –, o aumento da inflação, o agravamento da crise e consequente diminuição da intensidade do consumo vêm impactando sensivelmente todos os setores, incluindo o de delivery. Por outro lado, a positiva aceleração da vacinação passou a permitir que negócios físicos, antes fechados ou com restrições por conta de questões sanitárias, passassem a reabrir e, atualmente, operar com uma quase normalidade.
O maior equilíbrio do consumo presencial e a opção pelo delivery, com a desaceleração do segundo, já era esperada. No entanto, o agravamento da crise financeira das famílias impactou diretamente os estabelecimentos focados na operação de delivery, registrando uma queda gradativa nos pedidos. Para essas empresas que atuam 100% com entregas, principalmente no setor de alimentação, isso vem refletindo na revisão das projeções e na necessidade de se reinventar.
Dentro deste cenário, o mercado de delivery vem acompanhando a mudança cultural e nos hábitos de consumo pelo qual a sociedade está passando e se preparando para o pós-pandemia. Uma das principais dores dos usuários, atualmente, é o tempo de entrega. Por isso, uma das tendências para o setor de varejo, que se intensificou com a pandemia e deve ser ainda mais acelerado em 2022, são as entregas ultrarrápidas. Essa inovação, que promete uma nova experiência para os consumidores, é uma tendência global e a próxima geração do e-commerce, chamada de quick commerce.
Um exemplo deste novo conceito de vendas são as dark stores, que funcionam como pequenos centros de distribuição, operando apenas para entregas de compras on-line. Por serem lojas exclusivas para canais digitais, as dark stores ganham em agilidade desde o recebimento do pedido, preparação e logística. Com certeza é um modelo que vai disruptar o e-commerce.
*CEO e sócio fundador da Delivery Much, plataforma de delivery com foco no interior do país