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Sábado,10 de Maio
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Ministério Extraordinário do Rio Grande do Sul não vingou

Gregório José*
Publicado em 02/09/2024 às 20:31.

O recente encerramento do Ministério Extraordinário para a recuperação do Rio Grande do Sul, comandado pelo ministro Paulo Pimenta, ilustra um exemplo clássico de intervenção política que não gerou os efeitos esperados. A criação desse ministério, que visava dar um novo rumo à gestão das enchentes e das crises na região, acabou se revelando mais um movimento de propaganda do que uma ação efetiva.

O ministério foi criado com o intuito de alavancar Paulo Pimenta como uma figura proeminente na política regional, preparando-o como possível candidato ao governo do estado. A ideia era clara: enquanto Pimenta, o ministro da Comunicação, se destacava em uma nova função, o governador Eduardo Leite ficaria em um plano secundário, sob a sombra de um poder federal ostensivo. Contudo, essa estratégia revelou-se falha na prática. O ministério, embora amplamente anunciado e amplamente coberto pela mídia, não conseguiu resolver os problemas prementes da região.

O que parecia ser uma solução para a crise das enchentes no estado transformou-se em um fiasco. A intervenção não só foi incapaz de solucionar os problemas estruturais da região, como também desnudou a ausência de uma abordagem prática e eficaz. Ao invés de implementar medidas concretas para a limpeza das calhas dos rios, uma tarefa simples e fundamental para evitar transbordamentos, o ministério se limitou a investir em sensores no Guaíba. Esses sensores, que foram instalados para monitorar o nível das águas, simbolizam um esforço superficial e caro, que, na prática, não aborda a raiz do problema.

Esse tipo de ação revela a desconexão entre o discurso político e a realidade. O investimento em tecnologia de monitoramento é uma medida que parece moderna e eficiente, mas, no fundo, é como colocar um termômetro para medir a febre sem tratar a doença subjacente. O verdadeiro desafio na gestão de enchentes é o manejo adequado das calhas dos rios e a remoção dos detritos que as obstruem – algo que o ministério, com todo o seu aparato midiático, não conseguiu enfrentar.

A frustração é palpável e reflete o desapontamento da população que esperava medidas mais substanciais. A criação do ministério não foi além de uma peça de propaganda. Sua função se esgotou em promessas não cumpridas e em um grande alarde sem resultados tangíveis. Em última análise, o encerramento desse ministério é um reconhecimento tácito de que a intervenção não alcançou seus objetivos e serviu apenas como um exemplo de como uma ação política pode se desviar de seu propósito inicial e acabar sem deixar legado significativo.

Agora surge como ideia por parte dos congressistas, a criação de uma lei que possa deixar de negativar moradores do Rio Grande do Sul para que tenham crédito e façam, por si só, os ajustes que precisarem para retomarem a vida como deveria ser antes da catástrofe. Chega de fiasco, chega de invenções. O simples às vezes funciona mais do que os reveses oportunistas momentâneos.

*Jornalista/radialista/filósofo

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