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Sábado,21 de Setembro
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Livrarias, livros & leitura

Marisa Lajolo
03/03/2023 às 21:00.
Atualizado em 03/03/2023 às 21:20

Grandes livrarias fecham, que pena! Mas pena ainda maior é que, mesmo com elas abertas, o Brasil registrava (e ainda registra) poucos leitores. Pouco mais, pouco menos de 50% de nossa população é considerada leitora. Mas, se grandes livrarias fecham, pequenas livrarias abrem. Não é ótimo?
 
Entretanto, como se disse acima, é uma pena que livrarias -- quaisquer livrarias -- fechem as portas: a perda de qualquer espaço cultural é lamentável. E talvez a questão seja ainda mais complexa, porque esta perda de espaço para circulação (na verdade compra e venda) de livros se acompanha de uma diminuição na produção deles.
 
Pesquisa recente da Câmara Brasileira de Livros registra em 2019, 50.331 milhões de títulos produzidos para uma população de mais ou menos193 milhões de pessoas e 46.382 milhões de títulos produzidos em 2020.

Que pena! Porém, não apenas livrarias estão rareando na paisagem urbana.
 
Onde foram parar os cinemas de rua? Filme, agora, quase que só no shopping.... Ou, no sofá de casa, almofadas no chão, e algum serviço on-line de streaming. Livrarias e salas de cinema têm muito charme. As pequenas livrarias, que parecem multiplicar-se, talvez tenham até mais charme do que as de rede, quase sempre muito impessoais.
 
Mas, o encerramento de livrarias e a diminuição de salas de cinema não provocam o fim dos livros, da leitura, de filmes. E os livros impressos em papel, com todas suas preciosas texturas, continuam existindo e coexistindo com o livro digitalizado e com o livro digital. Talvez vivamos um tempo parecido com o que assistiu à coexistência do livro manuscrito com o impresso, do encadernado com o de bolso.
 
Se Borges diz que “sempre imaginei que o Paraíso fosse uma espécie de livraria”, digamos que hoje temos vários modelos de Paraíso...
 
Será?
 
De qualquer forma, é fundamental não confundir a cultura e seus produtos com seus suportes e seus espaços de circulação. Ou seja: na telinha ou na página, quem quer ler, lê. E por isso precisamos nos esforçar para que a leitura se faça mais presente na vida de todos nós.

*Professora de Literatura do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

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