Hábitos saudáveis hoje moldam a qualidade de vida no futuro

Octavio Fernandes*
Hoje em Dia - Belo Horizonte
17/10/2018 às 05:47.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:17

É uma cena comum: você acorda bem cedo, toma uma xícara de café, come um pão com manteiga e sai correndo para não perder o ônibus. À tarde, não deu tempo de almoçar e você acaba engolindo um salgado e um refresco enquanto olha o celular. Fica mais horas sem comer até comprar um pedaço de bolo para lanchar. Chega em casa tarde e cansado, já sem ânimo de ir à academia. “Talvez amanhã”, você pensa, enquanto prepara algo para comer antes de dormir. Idenficou-se?

Esta descrição representa a rotina de milhares de brasileiros moradores dos grandes centros urbanos. Se, por um lado, a correria contribui para sustentar a produção e gerar dinamismo em nossa sociedade, por outro, tem enraizado maus hábitos alimentares e comportamentais. Como consequência desse estilo de vida que alia sedentarismo com má nutrição, cada vez mais temos obesidade ou sobrepeso.

A pesquisa Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe, da Organização das Nações Unidas (ONU), aponta que mais da metade dos brasileiros está com sobrepeso e um a cada cinco adultos no país é obeso. Isso se manifesta como uma insatisfação crescente com o corpo e tentativas de perder peso rapidamente por meio de dietas desenvolvidas por leigos e que circulam no boca a boca, em sites e revistas. Estas dietas não possuem embasamento científico e pioram ainda mais a situação, podendo levar até mesmo a deficiências nutricionais.

As consequências de uma má nutrição vão além do aspecto físico: o sobrepeso e a obesidade estão associados a doenças silenciosas, isto é, que não manifestam sintomas por muito tempo, contudo, são detectáveis apenas por exames laboratoriais. Sem um trabalho de rastreio e prevenção adequados, estas doenças são reconhecidas apenas anos depois, quando os danos causados são irreversíveis.

Podemos citar, por exemplo, as dislipidemias, nome médico para aumento dos triglicerídeos e do colesterol, as gorduras do sangue. Quando o nível destas gorduras está aumentado, vão se acumulando nos vasos sanguíneos, levando a uma obstrução progressiva. Esse processo não é percebido até que a obstrução seja tão grande que limite o fluxo sanguíneo para o coração, quando um esforço provoca uma dor forte no peito, o infarto. Outra possibilidade é que o colesterol se deposite nas artérias que levam o sangue para o cérebro, formando placas. Estas placas podem se tornar grandes e instáveis, soltando fragmentos que podem seguir pelo fluxo sanguíneo e ir parar em um pequeno vaso do cérebro. Assim temos o chamado Acidente Vascular Encefálico (AVE), antigamente chamado de AVC.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, no Brasil estima-se que até setembro de 2017 mais de 237 mil pessoas tenham falecido por doenças cardiovasculares, o equivalente a 955 óbitos diários. Fica claro nesse contexto que as medidas de prevenção são fundamentais para evitar que esse tipo de doença se instale, mais do que tratar as suas complicações. Para isso, são fundamentais os exames laboratoriais de rotina, que possibilitam um diagnóstico precoce, quando por vezes apenas a adoção de hábitos de vida mais saudáveis é suficiente para evitar todos esses desdobramentos. Os hábitos saudáveis de hoje moldam a qualidade de vida no futuro. E nada de pular a academia, hein?!

*Patologista clínico e vice-presidente de operações do Labi Exames

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