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Sábado,24 de Maio

Foco na mulher

Meire Rose Cassini*
Publicado em 08/03/2022 às 00:07.Atualizado em 08/03/2022 às 12:07.

O Dia Internacional da Mulher remete em geral aos direitos, à participação social, onde ocupa papéis múltiplos e nem sempre em pé de igualdade, à segurança e proteção e à saúde. Mas é preciso incluir nesta lista de prioridades a qualidade da saúde mental.

E há motivos para nos preocuparmos. Um estudo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, feito entre maio e junho de 2020, revelou que as mulheres haviam sido as mais afetadas psicologicamente pela Covid-19. Do público feminino que participou da pesquisa, 40,5% apresentou sintomas de depressão; 34,9%, de ansiedade, e 37,3% de estresse.

Mais recentemente, no fim de 2021, resultados preliminares do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) confirmaram que a pandemia afetou principalmente as mulheres. Dentre as mais de 5 mil pessoas investigadas em todo o país, 24% das mulheres apresentaram sintomas de depressão, 20% sofreram de ansiedade e 17% revelaram terem se submetido a estresse. Cerca de 30% das entrevistadas tiveram baixa qualidade de sono nas 30 noites anteriores.

A pesquisa da Elsa-Brasil também mostrou que as mulheres intensificaram os trabalhos domésticos em quatro horas a mais do que os homens. O quadro de tensão gerado pela pandemia e pelo trabalho, ainda que adaptado às limitações do isolamento social, gerou medo de adoecimento e angústia por ter de permanecer mais tempo em casa e de se distanciar de amigos e familiares.

A bem da verdade, sobram estatísticas que retratam a gravidade da saúde mental da mulher, independentemente da pandemia. Pesquisas anteriores já denunciavam problemas femininos, que passam pela pressão da dupla responsabilidade de atender a uma carga horária de trabalho pesada e menos valorizada que a dos homens sem perder de vista afazeres domésticos.

Ocupa-se, por sinal com bastante propriedade, de se olhar para os perigos do câncer de mama e do colo de útero, mas é necessário verter essa atenção também para os problemas do universo feminino que não necessariamente aparecem em exames laboratoriais ou clínicos. Os danos à saúde mental por vezes são revelados em atendimentos psicológicos que ocorrem com uma frequência muito menor do que a velocidade com que surgem esses problemas.

Muitas das enfermidades que elas suportam são decorrentes de quadros de saúde muitas vezes obscuros, desconhecidos por elas próprias, de maneira que não sabem exatamente a quem recorrer. Isso denota para a necessidade de conscientizar mais sobre as doenças mentais. Parte dos problemas físicos, inclusive, tende a ser solucionado com o cuidado mental. Basta, portanto, ampliar o foco.

Foco no cuidado!

*Psicóloga 

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