Nas democracias republicanas criadas à imagem e semelhança da dos Estados Unidos, existem as figuras do vice-presidente, do vice-governador e, na mesma linha, a de suplente de senador. Todas com relevância nas alianças político-partidárias.
Na nossa América Latina, no pós-guerra, começou-se a esboçar a prática lamentável do nepotismo, que já era normal na virada do século. O primeiro caso explícito foi quando o general Juan Domingos Peron fez da mulher, Isabelita, sua vice.
No Brasil, tem sido comum os senadores terem filhos, cônjuges, até pai ou mãe, como suplentes, sem a menor reação da sociedade.
Na história republicana, os vices sempre tiveram um forte significado partidário ou geopolítico, representando partidos ou regiões do país. E muitos assumiram: Floriano Peixoto, Delfim Moreira, Nilo Peçanha, Café Filho, Jango Goulart, José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer. Por particularidades do momento que o país vivia, no combate ao terrorismo, Pedro Aleixo, importante político mineiro, não assumiu após a morte de Costa e Silva.
Os presidentes militares Castelo Branco, Costa e Silva e João Figueiredo homenagearam a classe política tendo como vices mineiros da importância e representatividade de José Maria Alkmin, Pedro Aleixo e Aureliano Chaves. As circunstâncias do momento fizeram vice o almirante Augusto Rademaker e o general Adalberto.
Muitos vices assumiram com sucesso em estados: Osanan Coelho e Hélio Garcia, em Minas; Laudo Natel, em São Paulo, e, recentemente, Cláudio Castro, no Rio. E senadores suplentes de relevo, desde Mozart Lago, no Rio, no impedimento de Adhemar de Barros, em 51, até Pedro Piva, em São Paulo, com o titular ministro de estado no governo FHC. Aliás, FHC chegou ao Senado como suplente de Franco Montoro. Mesmo sem assumirem, foram suplentes relevantes na vida nacional: Miguel Lins ,Vitorino Freire, no Maranhão; João Pedro Gouvêa Vieira de Vasconcelos Torres, no Rio; Jair Negrão de Lima e Itamar Franco, em Minas.
Agora, muitos usam de políticos com passado e sem futuro para sinalização ideológica diferente, como Lula com Alckmin e Freixo com César Maia, no Rio. Não agrega votos e desmoraliza a chapa.
Esta eleição tem de ser bem observada nos detalhes. E este é um deles: escolhas pelo parentesco ou “cupincharia”, sem base na militância política. Afinal, estamos numa República.