Logotipo O Norte
Domingo,22 de Setembro
artigo

Enem: para além das provas...

Publicado em 04/08/2023 às 19:21.

A despeito da forte carga dramática que passou a envolver cada edição do Enem a partir do momento em que se tornou o principal processo seletivo do país, o exame presta ao sistema educacional brasileiro importante serviço: a forte influência na busca de um ensino mais prático e próximo da realidade do aluno. Como a preparação para as provas é uma necessidade de escolas públicas e particulares, os professores precisam atualizar seu fazer pedagógico, de modo que os estudantes se vejam em condições de enfrentar o desafio.

E, como muitas questões do certame se voltam à aplicabilidade dos objetos de conhecimento envolvidos, com foco no desenvolvimento de competências e habilidades, é necessário que o treino esteja ajustado a essa realidade. Um equívoco comum, em relação a esse modelo de prova, é a interpretação de que o conteúdo deixa de ser importante, um pesadelo para professores e instituições “conteudistas”. O que não é verdade! Os conteúdos continuam sendo imprescindíveis; sempre que possível, porém, a teoria tem de estar associada à prática.

Tomemos como ilustração a atuação de um prestador de serviço de reparo de determinado equipamento eletrônico. Ele precisa conhecer o funcionamento da máquina (competência), precisa ter as ferramentas necessárias (conhecimentos/conteúdos) e precisa saber o que fazer na situação (habilidade). É bem verdade que, para o usuário, o importante é a solução do problema, independentemente de como se dá o processo. De modo semelhante, acerca das habilidades linguísticas, por exemplo, mais importante do que saber justificar o uso da vírgula é saber empregá-la.

Não é à toa que as provas raramente abordam diretamente as regras e nomenclaturas gramaticais. Espera-se, diante desse contexto, que o professor não somente transmita o conhecimento que detém como especialista, mas que instigue o estudante a articular esse conhecimento com outros, bem como a transpô-lo para outros contextos. Assim, o jovem há de ver um poema como algo maior do que simplesmente uma produção a ser dominada para ser identificada em uma prova e servir de base a itens que precisa acertar. Perceberá a arte como expressão humana que dialoga com a matemática, com a física, com a química, com a história, enfim, com a vida.

O pensamento de Einstein, de que “não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas”, nunca fez tanto sentido. Diante do caos de respostas disponíveis na rede e, mais recentemente, do poder da inteligência artificial de “costurá-las”, é preciso saber o que perguntar. A boa notícia é que uma coisa não mudou com o tempo, está na essência do ser humano: a curiosidade, a sede de conhecer.

*

Compartilhar
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por