Eleições e sistema de rejeição

Daniel Schnaider*
Publicado em 03/10/2022 às 22:02.

As pesquisas funcionam, muitas vezes, como profecias: candidatos que não tem chance, não são votados. E quem ganha o voto é aquele que, na nossa concepção, é o “menos pior”. Mas será que essa é a verdadeira política que queremos?

Nosso sistema de votação tem falhas e deixa a impossibilidade de crescimento aos candidatos que são mais centrados e não estão todos os dias envolvidos em polêmicas, que não movem nem multidões apaixonadas e nem amedrontadas. 

Os partidos, cada vez mais, escolhem candidatos com base na votação e não em convicção e nem no que é melhor à população. É o interesse puro pelo poder. Se existisse um sistema de votação onde se elege o candidato que se quer ver no poder e aquele que você menos quer, seria o topo da democracia.

Tanto Bolsonaro quanto Lula têm índice altíssimo de rejeição. Se a soma dos votos a favor de qualquer um deles fosse diminuída pelos votos contra, provavelmente seriam os últimos nas pesquisas.

Portanto, a tentativa de criar essa polaridade morreria. E quando um grupo sofre ataques em relação às suas escolhas e orientações, ou até mesmo se sente ameaçado economicamente por um presidenciável, por exemplo, poderia se organizar e tirar pontos do candidato. 

Neste cenário, os discursos, as pautas e ações devem ser muito mais cuidadosos, a ponto de causar uma sensação de união, ao contrário disso o ataque se torna uma arma voltada à própria cabeça.

E esse sistema, inclusive, poderia resultar em uma correção partidária ou do candidato em relação à rejeição que sofre. Por exemplo, o comprometimento de um candidato como o Lula, marcado por esquemas de corrupção, seria fazer leis que mitigassem esses crimes políticos, pois sem isso, ele não teria chance. E, no caso do Bolsonaro, criar políticas públicas que amparassem as minorias e diminuíssem os discursos de ódio.  

Este processo faria com que eles tivessem que criar estratégias ponderadas para agradar gregos e troianos, ou seja, chamar a atenção positivamente de quem vota contra, mantendo o balanço da maré para quem já é um eleitor. Isso torna muito mais difícil a vida deles, mas não disse que seria fácil.

Dentro deste ponto de vista, aqueles que tiverem menos rejeição, estarão melhor colocados nas pesquisas, ou mesmo equiparados. O que isso traria? Aquilo que todos que estão cansados dos mesmos candidatos possíveis querem: finalmente uma cara nova no poder do país.

*economista, administrador e engenheiro de software.

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