Por ser fundamental para o bom desenvolvimento das atividades agrícolas, o clima é sempre protagonista no dia a dia dos produtores. Por isso, é essencial que esses profissionais se antecipem aos eventos climáticos que estão por vir, preparando-se e prevenindo surpresas. Para esse final de ano, como a previsão climática aponta para dias complicados, o planejamento é palavra de ordem.
Os últimos eventos de precipitação excessiva no Sul do Brasil podem ser apenas o início de um ano safra muito difícil para essa região. Com a incidência do fenômeno El Niño é esperado que os meses da primavera-verão sejam com volumes de precipitação acima da média, assim como observados nos El Niños severos dos anos 1982-1983 e 2015-2016. Nesses períodos, a anomalia de precipitação, ou seja, o quanto os valores observados extrapolaram a média, ficou na faixa de 200mm, como podemos ver nos dados referentes aos meses de novembro de 1982 e 2015.
Esses eventos foram de alta intensidade e tiveram impactos significativos na agricultura brasileira. Em 2015/2016, houve chuvas intensas no Sul, o que prejudicou a produção de culturas como a soja.
Como reflexo do El Niño desse período, segundo levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil registrou uma quebra de 10% na produção nacional de grãos, sendo observado excesso de precipitação no Sul e deficiência hídrica em vários estados importantes sob o ponto de vista agrícola, como Mato Grosso. Os impactos foram mais intensos nas culturas do feijão, com quebra de 22%, e milho com quebra de 20% em relação à safra anterior, segundo dados do Mapa.
Já o El Niño de 1983 foi um dos mais intensos da história e causou secas severas no Nordeste, levando a uma redução significativa na produção agrícola daquela região.
*Diretor da ignitia