Desde 20 de abril, trabalhadores nascidos em janeiro já podem sacar até R$ 1 mil do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Considerado por especialistas como uma “poupança forçada”, o dinheiro do FGTS, que o trabalhador tem compulsoriamente guardado pelo governo, pode ser considerado reserva de emergência. É um dinheiro que o trabalhador recebe quando é demitido ou acontece alguma das eventualidades previstas na lei. Contudo, o FGTS apresenta um rendimento de 3% ao ano mais a aplicação mensal da taxa referencial (TR), valor abaixo de outras aplicações.
Se esse dinheiro é um direito do trabalhador, é também legítimo que ele o utilize de maneira mais rentável. Com a liberação do saldo do FGTS, a primeira coisa que o contemplado deve pensar é em pagar alguma dívida, caso a tenha. Se tiver algum financiamento, ou se estiver devendo o cartão de crédito, use o valor para fazer a quitação, ainda que seja de alguma ou de todas as parcelas. Se tiver muitas parcelas e o valor não for suficiente, pague as parcelas que estão mais ao final porque elas têm mais juros.
O importante é entender que nenhum investimento ou operação terá uma rentabilidade equivalente aos juros que o trabalhador está devendo nessas prestações. Logo, a prioridade deve ser pagar as contas. Já para aqueles que estão com maior liberdade financeira, o momento pode ser ideal para investir. Mas para os investidores mais conservadores, que não ousam nos investimentos e comumente usam a poupança, a notícia não é boa: ela também não rende tanto, apenas 0,5% ao mês mais TR, que equivale hoje a 6,16%.
Como a taxa Selic está alta – 11,75% –, a renda fixa bancária volta a ser muito atrativa. Recomendo que, ao invés de procurar aplicações mais arrojadas, o trabalhador faça investimentos mais conservadores, com alta liquidez, com produtos preferencialmente vinculados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Nesse tipo de aplicação, que recai a cobrança de imposto de renda, é aconselhável buscar a que oferece 100% do CDI.
Já em casos de isenção do IR, vale buscar aquelas que pagam 92% do CDI, sempre atento às taxas, que variam de um banco para o outro. Neste momento, aplicar por meio de fintechs, por exemplo, tem se mostrado mais lucrativo. Os bancos mais tradicionais costumam pagar uma rentabilidade pior nos rendimentos. O CDB de liquidez diária costuma entregar 88% do CDI, enquanto tem fintech que oferece 100% do CDI para o dinheiro que está aplicado na conta corrente.
Seja para solucionar pendências, ter um respiro na vida financeira para começar a investir ou dar saltos maiores nas aplicações, o uso do FGTS deve ser feito com atenção. Com isso, o trabalhador terá uma boa segurança, uma rentabilidade tranquila e terá acesso ao dinheiro no momento que ele mais precisa.
*Cofundador da Byebnk Investimentos, advogado especialista em Direito Financeiro, pela FGV, e Empreendedorismo, pelo MIT