Crédito às classes C e D

Gustavo Salione (*)
Publicado em 11/08/2022 às 22:37.

Há dez anos, o mercado de concessão de crédito era muito mais restrito do que vemos hoje. Ao longo desses anos, vimos dobrar os volumes desta prática por mês. Segundo dados do SGS (Sistema Gerador de Séries Temporais) do Banco Central, concedia-se, aproximadamente, cerca de R$ 200 bilhões por mês no Brasil, em 2012, sendo que, desse montante, cerca de R$ 100 bilhões chegavam às mãos de pessoas físicas.

Isso mudou. Este ano, a média mensal supera R$ 400 bilhões. Metade desse valor, vai para pessoas físicas. Em termos de carteira de crédito, em fevereiro de 2012 havia R$ 2,1 bilhões de saldo total no país - em fevereiro de 2022 atingiu R$ 4,7 bilhões.

Uma nova mentalidade vem dominando o setor de crédito no Brasil. As fintechs compreenderam que o público C e D era mal atendido pelos provedores de crédito tradicionais e passaram a falar a sua língua. São empresas que têm trabalhado fortemente para melhorar a percepção do cliente, focando na experiência digital. Afinal, a tecnologia permeia todo o ciclo de crédito, desde o momento da concessão, passando pela manutenção, até o final do ciclo, que é a recuperação de crédito. E tem dado certo.

Na parte de concessão, a tecnologia ampliou os canais de aquisição de clientes novos, permitindo a democratização e escalabilidade, alcançando potenciais clientes que, antes, deveriam ir até a loja. Também houve uma revolução tecnológica nas ferramentas antifraude, com biometria que usa técnicas avançadas de reconhecimento facial, como prova de vida e facematch. Ou seja, com mais mecanismos de segurança, concede-se mais crédito.

Uma das avenidas que mais devem crescer nos próximos anos é o “crédito como serviço”. Nesse conceito, o crédito não é um fim em si mesmo, mas passa a ser concedido como um produto no formato white label. Uma empresa de qualquer segmento pode decidir ofertar crédito para sua base de clientes, como forma de fidelização, engajamento e monetização. E como ela não tem expertise em gestão de risco, contrata uma outra que atua bem neste mercado. O risco dessa carteira de crédito pode ser compartilhado ou não, depende do modelo de negócios. E quem mais tem a ganhar neste cenário é o público C e D.

Estamos preparados para este novo momento do crédito. Aproveitar as oportunidades é preciso e o consumidor só tem a ganhar.  
 
(*) diretor de risco e operações da FortBrasil

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